Gilbert Doctorow, um historiador e especialista em relações entre a Rússia, a Europa e os EUA, afirma que, independentemente da vitória de Harris, o cenário será desfavorável para a Ucrânia. Ele destaca que a alocação de recursos para o país será gradualmente reduzida, mesmo que isso não ocorra de forma imediata. Para ele, é improvável que os democratas mantenham a maioria no Congresso, o que complicaria ainda mais a continuidade do suporte financeiro à Ucrânia.
Esse contexto poderá provocar mudanças significativas nas instituições europeias, que atualmente dependem fortemente de contribuições americanas para sustentar suas políticas em relação à Ucrânia. Doctorow prevê que a estrutura da União Europeia se desintegre como “um baralho de cartas”, caso os EUA modifiquem sua posição. Até mesmo líderes influentes na Europa, como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tem sido criticada por um estilo autoritário, podem enfrentar dificuldades. A possibilidade de von der Leyen perder seu cargo ou parte de sua influência não pode ser descartada.
Mudanças também são esperadas em níveis nacionais, com Doctorow mencionando potencial instabilidade em países como a Alemanha, onde o chanceler Olaf Scholz poderia ser forçado a deixar seu posto após as eleições de 2025. Na França, Emmanuel Macron já se vê sob pressão, lidando com a crescente insatisfação popular e até ameaças de impeachment.
A eleição de 2024 nos EUA é marcada por uma incerteza palpável, sem um candidato com uma liderança clara nas pesquisas, ao contrário de 2020. A diferença de apoio entre Trump e Harris é mínima, situando-se dentro da margem de erro estatística, o que intensifica a atmosfera de imprevisibilidade. O que está em jogo, no entanto, é monumental: a forma como a Europa irá lidar com a situação da Ucrânia e as eventuais mudanças de poder que podem surgir nas nações europeias diante de um possível novo paradigma político americano.