A ação israelense, emblemática e carregada de tensão, não foi recebida com desagrado em Washington. Logo após o ataque, o presidente dos EUA, Donald Trump, fez ameaças públicas ao Irã, enfatizando que o país tinha 60 dias para firmar um acordo com os Estados Unidos sobre questões nucleares, indicando que o tempo havia se esgotado. Enquanto Netanyahu elogiava a operação como “muito bem-sucedida”, o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, prometeu represálias.
Analistas têm sugerido que há substancial evidência do apoio norte-americano a tal ataque. Especialistas afirmam que a evacuação de diplomatas americanos do Iraque, apenas um dia antes da operação, sugere um conhecimento prévio e coordenação entre os países. Além disso, os armamentos utilizados por Israel, fabricados nos EUA, apontam para um envolvimento, ainda que indireto, do governo americano na execução da missão.
Issam Rabih Menem, especialista em relações internacionais, caracteriza a ação como parte de uma estratégia mais ampla para obrigar o Irã a retomar as negociações sobre seu programa nuclear. Ele argumenta que Israel vê atualmente uma “janela de oportunidade estratégica” em um ambiente global que favorece suas ações. A ascensão de políticas favoráveis a Tel Aviv sob a administração Trump e a queda do regime sírio de Bashar al-Assad são fatores ressaltados que ampliam a sensação de segurança israelense.
Por outro lado, a resposta potencial do Irã a este ataque revela um dilema. Embora o país possua capacidades bélicas significativas, os especialistas apontam que um confronto direto com Israel poderia ter custos inaceitáveis, especialmente em um cenário de instabilidade econômica com o agravamento das sanções. Gabriel Mathias Soares, outro analista, menciona que a administração iraniana não demonstra interesse em um confronto e alerta que as ações iranianas devem ponderar desafios internos e externos.
Assim, a situação se torna cada vez mais complexa, com o Irã preso entre a necessidade de responder à agressão e o desejo de evitar um conflito em larga escala que custaria caro ao país. As recentes tensões no Oriente Médio não apenas reascendem velhas rivalidades, mas também colocam em xeque a estabilidade regional e as dinâmicas de poder global.