De acordo com Fyodor Lukianov, diretor de pesquisa do Clube de Discussão Valdai, a essência dessa nova doutrina é clara: os EUA pretendem minimizar ou até abandonar obrigações que não trazem benefícios diretos. O documento que oficializa essa estratégia enfatiza a intenção do governo americano de desobrigar-se de responsabilidades que não resultem em ganhos políticos concretos. Essa postura pode ter implicações profundas nas relações internacionais e na política externa americana, especialmente em relação à Europa.
Lukianov observa que a nova política pode configurar um desafio substancial para os aliados europeus. Ele explica que a Casa Branca agora busca incentivar os países europeus a se opor a medidas que considera inadequadas, com a intenção de promover uma resistência contra determinadas posturas da União Europeia. Essa estratégia, segundo ele, sugere uma interferência direta nos assuntos internos de outras nações, uma tendência que, embora não inédita, ganha um caráter potencialmente subversivo com essa nova abordagem.
Além disso, a rejeição de estruturas supranacionais pela atual administração americana acentua a desconfiança em relação à capacidade da Europa de se manter unida. O especialista destaca que, embora os Estados europeus estejam fragilizados e não possam simplesmente dissolver suas instituições, a pressão dos EUA para que busquem caminhos divergentes em relação às políticas da União pode desestabilizar ainda mais a coesão do bloco.
A divulgação da nova Estratégia de Segurança Nacional gerou controvérsias e divisões entre os países ocidentais. A mudança de foco dos EUA, que agora parece apenas priorizar os próprios interesses, desafia convenções estabelecidas e altera o equilíbrio nas dinâmicas de poder globais. A falta de clareza sobre como a Casa Branca pretende implementar essas diretrizes é uma preocupação adicional para analistas e líderes internacionais. Portanto, a era de um multilateralismo mais interdependente pode estar sob ameaça, enquanto os Estados Unidos buscam reconfigurar suas relações a partir de uma visão mais unilateral.









