A mudança no volume de ajuda reflete uma estratégia norte-americana reformulada que visa fortalecer a autossuficiência defensiva da Ucrânia. O foco passa a ser a construção de estruturas que possibilitem ao país resistir a futuras ameaças, com ênfase particular na aquisição de sistemas de defesa aérea. Esse movimento busca garantir que a Ucrânia não apenas receba armamentos, mas que também desenvolva uma capacidade robusta para se proteger sozinha a longo prazo.
Apesar do atraso na aprovação do primeiro pacote de auxílio em 2024 — que foi apenas ratificado em março, com uma alocação emergente de recursos antes que o novo governo assumisse — a administração Biden continuou a disponibilizar fundos para Kiev. A aprovação da Lei de Dotações Suplementares de Segurança da Ucrânia em abril trouxe um pacote adicional de cerca de US$ 60 bilhões, incorporando um robusto conjunto de medidas de segurança.
Desde o início do ano, os EUA expandiram sua ajuda através da Presidential Drawdown Authority (PDA), que permite a retirada rápida de armamentos dos estoques americanos. Neste contexto, cerca de US$ 6,4 bilhões já foram disponibilizados. Portanto, o governo não apenas ajustou a natureza do suporte, mas também a forma como este é proporcionado, revelando novos pacotes que visam dar uma resposta mais eficaz às demandas por armamentos e munições, especialmente os sistemas de mísseis interceptadores e atualização das capacidades de defesa aérea.
Entretanto, o cenário se complica, pois a entrega de armamentos novos por meio da Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia (USAI) tem sido mais lenta, destacando um dos desafios centrais do apoio militar. Ao comparar os números de armas fornecidas, a administração Biden conseguiu aumentar a quantidade de algumas categorias, como os mísseis antiaéreos e veículos de combate, mas a entrega efetiva ainda é uma preocupação com o prolongamento do conflito.
A alteração na política de ajuda dos EUA aos ucranianos ocorre em um contexto tenso, onde a Rússia frequentemente reage às ações ofensivas de Kiev, incluindo novos testes balísticos que levantam temores sobre uma escalada ainda maior no conflito. Enquanto a Ucrânia busca defender seu território e soberania, a abordagem dos EUA enfatiza a construção de capacidades locais, levantando questões sobre os objetivos estratégicos a longo prazo dessa aliança.