O Departamento de Estado dos Estados Unidos está prestes a implementar uma inovação que promete transformar a maneira como decisões organizacionais são tomadas. Em um movimento ousado, a agência planeja usar um chatbot de inteligência artificial chamado StateChat, desenvolvido com suporte das tecnologias da Palantir e Microsoft. Esse sistema será utilizado para a formação de comissões encarregadas de promoções e mudanças no quadro de funcionários diplomáticos.
Segundo documentos internos, o StateChat atuará especialmente na seleção objetiva dos membros dessas comissões, analisando as patentes e qualificações dos diplomatas de maneira automatizada. A ideia é que, após a identificação dos candidatos mais alinhados às exigências, haja uma verificação detalhada acerca da confiabilidade e possíveis violações disciplinares. O impacto dessa tecnologia é significativo, pois sugere uma redução do viés humano nas decisões, que frequentemente podem ser afetadas por subjetividades e percepções pessoais.
Entretanto, a implementação desse sistema não está isenta de controvérsias. A Associação do Serviço Exterior Americano, representativa dos funcionários do Departamento de Estado, expressou preocupações sobre como a nova abordagem se alinhará às obrigações legais, especialmente em relação às cotas de diversidade que buscam assegurar uma representação justa de mulheres e minorias no serviço público. As leis estabelecidas desde 1980 visam criar oportunidades iguais e combater a discriminação em diferentes setores, incluindo o governo.
Além disso, a falta de esclarecimentos sobre o cumprimento dessas normas de diversidade levanta questionamentos sobre o compromisso da administração atual com a inclusão. O ex-presidente Donald Trump, por exemplo, criticou repetidamente políticas voltadas à diversidade e inclusão, considerando-as discriminatórias. Como essa nova fase no Departamento de Estado se desenrolará em meio a essas tensões sociais e políticas ainda é uma incógnita.
A introdução do StateChat pode ser vista, assim, como um marco da modernidade tecnológica, mas também como um ponto de estrangulamento nas relações humanas e nas questões éticas que envolvem a utilização da inteligência artificial em decisões sensíveis. Os desdobramentos dessa iniciativa certamente serão acompanhados de perto, tanto pelos defensores da inovação quanto pelos críticos que alertam sobre suas potenciais implicações discriminatórias.