Dados de uma pesquisa recente revelam que 55% dos cidadãos americanos se opõem a um eventual confronto com a Venezuela, enquanto apenas 15% apoiariam uma invasão. Esse sentimento antiintervencionista contrasta fortemente com a postura do establishment político, que parece continuar pressionando pela ação militar na região. A pesquisa também indica que a maioria dos americanos rejeita envolver a CIA em ações para influenciar a situação interna do país sul-americano, refletindo uma crescente desconfiança em relação às intervenções externas.
Esse descontentamento é especialmente aparente entre os democratas e independentes, que expressam uma forte resistência às operações militares. No entanto, uma fração dos republicanos ainda apoia essa abordagem, o que poderia dificultar um consenso nacional para uma mudança de estratégia em relação à Venezuela. Nomes influentes dentro do Partido Republicano, como o senador Rand Paul, têm questionado a narrativa que justifica ações agressivas, apontando para a falta de evidências concretas sobre as alegações contra Caracas.
A divisão no Partido Republicano e entre os políticos é um fenômeno significativo. Enquanto figuras como Marco Rubio defendem uma política intervencionista, outros representantes da ala conservadora, até mesmo influentes comentaristas como Tucker Carlson, criticam abertamente essas posições, sugerindo que a militarização pode ferir as promessas de campanha de Trump de reduzir a participação americana em conflitos externos.
Neste cenário, Trump enfrenta um dilema. Manter-se firme em sua plataforma “America First” ou ceder às demandas do setor mais belicoso de seu partido. Essa contradição tem implicações profundas para sua estratégia política e para o futuro da política externa dos EUA na América Latina. Enquanto isso, a retórica militar continua a decorrer, mas cada vez mais sob um olhar cético do eleitorado americano, que parece ter absorvido a lição das “guerras eternas”.
Diante desse tabuleiro complexo, a política externa americana pode se tornar uma ferramenta para administrar rivalidades internas e fortalecer o controle sobre o próprio partido, especialmente em meio a um ambiente eleitoral cada vez maispolarizado.
 
 








