A Escalada da Guerra Comercial e o Crescimento da China: Um Novo Cenário Global
Os Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, têm intensificado sua estratégia de tarifas sobre produtos importados, marcando o primeiro ano de seu mandato com ações que afetam quase uma centena de países, incluindo vizinhos como Canadá e México. Nesse contexto, a China se tornou um dos principais alvos da Casa Branca, enfrentando uma taxação base de 30%. Recentemente, surgiram novas ameaças, com a possibilidade de tarifas de até 155% sobre produtos chineses, caso o governo de Xi Jinping não consiga estabelecer um acordo comercial até agosto de 2026.
Em resposta a essa pressão comercial, a China reagiu suspensa as compras de soja dos Estados Unidos, redirecionando suas importações para parceiros como Argentina e Brasil, criando um impacto profundo nos agricultores americanos e fortalecendo laços com nações do Sul Global. Segundo Luiz Antonio Paulino, especialista em economia internacional, a China não está disposta a aprofundar a disputa comercial. No entanto, isso não significa que permanecera inerte diante das ações americanas. A chefia da nação asiática busca formas de mitigar os efeitos das tarifas e garantir seu crescimento contínuo no cenário internacional.
Embora até 2018 os Estados Unidos tenham sido responsáveis por cerca de 20% das exportações chinesas, esse número tem diminuído continuamente. A previsão é que cheguem a 14% em 2024. Profissionais como Bernardo Salgado Rodrigues, da UFRJ, apontam que a guerra comercial entre duas potências pode causar distúrbios nas cadeias globais de produção, elevando preços e gerando incertezas. Entretanto, também abre uma janela de oportunidades para reestruturações nas relações comerciais globais, especialmente com a crescente perspectiva da China como protagonista da Quarta Revolução Industrial.
As tensões comerciais entre os EUA e a China não apenas abalam suas relações bilaterais, mas também colocam em evidência uma possível escalada em outros âmbitos, incluindo a diplomacia e segurança internacional. O receio de que esse conflito possa se transformar em um confronto mais grave é palpável. Enquanto isso, países como Brasil e Índia, com tarifas elevadas de 50%, se destacam dentro do contexto do BRICS, desafiando a hegemonia unipolar dos EUA e buscando novas formas de cooperação em um mundo cada vez mais multipolar.
As instituições globais tradicionais, como a Organização Mundial do Comércio e a ONU, enfrentam crises em suas funções, enquanto o multilateralismo antigo, sustentado pelos EUA, cede espaço a um novo modelo de governança internacional. No hemisfério ocidental, os países observam essa disputa com uma análise pragmática, considerando com quem estabelecerão parcerias que melhor atendam às suas necessidades socioeconômicas. Em meio a essa competição, a América Latina é encorajada a explorar as oportunidades emergentes, solidificando laços benéficos tanto com a China quanto com os EUA.









