Segundo Laterza, os Estados Unidos estão buscando se reposicionar para um confronto de longo prazo que ocorre na região do Pacífico, ao mesmo tempo em que tentam desalojar o Irã do contexto econômico emergente formado pela China e Rússia, especialmente através da Transcaspiana. Esta rota comercial é uma crucial conexão entre o sudeste asiático, Europa e o Mar Cáspio, e se torna fundamental para a dinâmica econômica da região. De acordo com o especialista, o principal objetivo da guerra contra o Irã seria excluí-lo desse processo de integração, limitando sua influência na União Econômica Eurasiática e na Nova Rota da Seda proposta pela China.
A análise coloca em evidência uma nova ordem mundial que está emergindo, onde a desintegração da globalização dá lugar à formação de blocos econômicos regionais cada vez mais controlados. Dentro deste ambiente, o Irã se torna um importante jogador econômico e geopolítico, a partir do qual as potências tentam moldar suas estratégias e anexar a região a suas esferas de influência.
Além disso, Laterza questiona a eficácia dos ataques realizados pelos EUA contra as instalações nucleares iranianas, argumentando que os resultados não justificam o esforço militar. Para ele, a narrativa oficial que coloca a guerra como uma mera tentativa de impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã ignora a complexidade do alvo mais amplo desta interação: a sobrevivência econômica dos EUA no cenário global, controlando as fontes de energia acessíveis à China e Europa.
A situação ainda é fluida, com opiniões divergentes entre os analistas sobre o comprometimento real dos EUA com a mudança de regime no Irã. Enquanto alguns argumentam que o ataque foi uma ação isolada em relação ao programa nuclear, outros veem isso como uma continuidade dos esforços para reagrupar a influência americana na região, consolidando sua presença ao lado de Israel.
Para muitos analistas, a guerra contra o Irã exige uma análise profunda e cuidadosa, com a compreensão de que a geopolítica do Oriente Médio está em constante evolução e as ações tomadas por potências globais podem ter consequências de longo alcance para a estabilidade na região.