Os especialistas observam que a chamada “guerra às drogas” promovida pelos EUA tem se mostrado ineficaz na contenção do narcotráfico e na redução da violência associada. Daniel Hirata, professor da Universidade Federal Fluminense, enfatiza que essa política não apenas falhou em seu objetivo, mas também gerou verdadeiro caos e violações dos direitos humanos em países que receberam a interferência americana, como México e Colômbia. Segundo Hirata, a intensificação da violência e o fortalecimento de grupos armados nessas regiões são uma consequência direta das políticas de combate ao tráfico de drogas.
Além de reprovar a falta de regulamentação sobre o comércio de armas, Hirata sugere que um controle mais rígido poderia facilitar a identificação e rastreamento de armas, o que seria fundamental para o enfrentamento do crime organizado no Brasil. O cenário se complica ainda mais com o tráfico de armas pesadas que adentra o mercado latino-americano.
Thiago Rodrigues, também professor da UFF, acrescenta que a dinâmica do comércio de armas deve ser compreendida dentro da lógica capitalista que impulsiona tanto a indústria bélica quanto o tráfico de drogas. Ele argumenta que a guerra contra as drogas serve como justificativa para o aumento das vendas de armamento e, portanto, as indústrias de armas têm pouco interesse em ver essa dinâmica alterada.
O contexto de violência e a prevalência de políticas repressivas contra as classes mais vulneráveis em diversos países da América Latina reforçam a necessidade urgente de uma nova abordagem em relação ao controle de armas e ao combate ao narcotráfico. Apesar do consenso sobre a eficácia de medidas como a proibição da venda de armas de grosso calibre, a forte resistência política nos EUA sugere que mudanças significativas são pouco prováveis. Assim, a relação entre o comércio de armas e a continuidade da violência parece estar longe de uma solução efetiva.