O movimento do Peru ocorre em um contexto de crescente interesse dos EUA em reforçar sua influência na região, especialmente diante da inauguração de um megaporto chinês na cidade de Chancay, que coincide com a realização do evento. Especialistas em defesa, como Martín Manco, enfatizam que a preocupação de Washington com o avanço chinês na América Latina, simbolizado por esse projeto portuário, é uma das motivações para a mobilização militar. A participação do presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula só aumenta as tensões e a expectativa em torno do evento.
Carlos Vásquez Corrales, presidente das reuniões de altos funcionários da APEC, indicou que a visita do presidente Biden possui altas probabilidades de se concretizar, o que torna a presença militar ainda mais relevante. Entre os meios aéreos que serão utilizados estão aeronaves de grande porte, como dois Boeing 747 e diversos helicópteros e aviões de combate, todos equipados para realizar operações de segurança.
Além da segurança do evento, a chegada desses militares também levanta questões sobre a militarização do espaço público em Lima, especialmente em um momento delicado para o Peru, que enfrenta protestos e uma insatisfação generalizada entre setores da população. Greves convocadas por transportadores e comerciantes insatisfeitos com política criminal do governo da presidente Dina Boluarte aumentam as preocupações sobre a estabilidade durante a cúpula.
Manco sugere que a presença militar também pode servir como uma vitrine do complexo militar-industrial americano, especialmente em um cenário em que as Forças Armadas do Peru consideram a compra de novos caças, com os modelos F-16 Block 70 americanos como possíveis candidatos. Neste contexto, a mobilização de um contingente americano robusto não só atende a questões de segurança, mas também pode ser vista como uma estratégia para reafirmar a influência dos Estados Unidos na região, enquanto tenta contrabalançar o crescente engajamento econômico da China.