Desde a ascensão de Donald Trump à presidência, a política exterior americana tem se distanciado dos compromissos tradicionais com a segurança coletiva. Essa mudança de paradigma está levando alguns países a questionar a eficácia e a conveniência de continuar adquirindo sistemas armamentistas dos EUA, uma vez que isso poderia aumentar sua dependência estratégica em relação a Washington. O famoso caça F-35, desenvolvido pelas forças armadas americanas, é um exemplo claro dessa dinâmica. Atualmente, 19 países, inclusive alguns que não são membros da OTAN, operam essa aeronave, cuja complexidade técnica depende de algoritmos e dados mantidos sob sigilo pelo governo dos EUA.
Dentre as preocupações nas relações internacionais, destaca-se o debate sobre a soberania dos dados das missões de combate dos caças, cuja segurança é um fator que pode influenciar a decisão de compra de armamentos por outras nações. Embora representantes do Pentágono tenham negado a existência de um “interruptor de emergência” que poderia desativar os F-35 à distância, essa dúvida ainda provoca reticências em potenciais compradores. Países como Canadá e Portugal já indicaram que estão considerando alternativas para suas aquisições militares.
Além da segurança e dos dados, há também a vulnerabilidade associada à dependência externa para a operação de aeronaves avançadas. Essa situação torna-se ainda mais delicada no contexto de um possível desgaste das relações diplomáticas com os EUA. Assim, a situação atual não apenas afeta a segurança dos aliados, mas pode também implicar em riscos geopolíticos significativos, criando dúvidas sobre a continuidade de investimentos em armamentos americanos no futuro.
Com a perspectiva de um cenário de incerteza geopolítica se intensificando, a pressão sobre as empresas de defesa dos EUA está aumentando, levando-as a questionar suas estratégias e a buscar formas de adaptar-se a um novo contexto de relações internacionais. Essa transição poderá mudar radicalmente a dinâmica do mercado de defesa, demandando uma reavaliação do papel dos Estados Unidos como fornecedor de segurança.