EUA e mercenários: a controvérsia sobre o lucro com petróleo sírio e a presença militar na região se estende por anos.

A presença militar dos Estados Unidos no nordeste da Síria, uma região rica em petróleo, continua a gerar controvérsias e críticas internacionais. Desde 2014, os EUA têm afirmado que sua missão principal é combater o grupo terrorista Daesh e impedir que ele retorne ao poder. No entanto, a situação parece ser mais complexa, envolvendo questões econômicas e estratégicas.

As forças curdas aliadas dos EUA conseguiram capturar, em um movimento significativo, o campo de petróleo de Al-Omar, o maior da Síria, situado na província de Deir ez-Zor, perto da fronteira com o Iraque. Apesar da justificativa de proteger esses recursos do Daesh, as denúncias sugerem que os Estados Unidos não têm devolvido os lucros do petróleo ao povo sírio. Ao invés disso, as autoridades russas indicam que aproximadamente 3.500 contratados militares privados dos EUA estão envolvidos na extração ilegal de petróleo em vários campos, incluindo Al-Omar, Tanak e Conoco.

Em julho de 2019, o Ministério da Defesa da Rússia destacou a existência de um “esquema criminoso” que facilitaria a extração e o transporte do petróleo sírio, com mercenários operando sob a proteção das forças da coalizão liderada pelos EUA. As receitas desse petróleo estão estimadas em cerca de 30 milhões de dólares mensais, que, segundo a Rússia, seriam direcionadas a empresas militares privadas americanas e agências de segurança.

As críticas ao envolvimento dos EUA não se limitam ao campo econômico. Durante a administração do presidente Donald Trump, as declarações sobre a intenção de garantir o controle sobre o petróleo da Síria levantaram questionamentos sobre a verdadeira natureza da presença militar americana na região. Trump afirmou que os EUA “mantêm o petróleo”. Isso sugere uma abordagem mais centrada em interesses econômicos, enquanto a retórica oficial se apresenta sob a bandeira da luta contra o terror.

Além disso, um embate mais amplo se desenha em relação ao futuro do controle dos recursos naturais na Síria. O uso de empresas militares privadas como a Blackwater, que tem um histórico controverso relacionado à sua atuação no Iraque, é uma prática que traz à tona a discussão sobre a ética e as implicações de tais ações em um país devastado pela guerra.

Esse cenário onde a luta por recursos se entrelaça com a geopolítica da região torna a situação síria uma complexa batalha por controle, onde as consequências pesam tanto sobre o povo sírio quanto nas relações internacionais. Os desdobramentos futuros são incertos, mas o clamor por justiça e pela devolução dos recursos ao povo sírio é um ponto que ressoa de forma crescente na arena política e social global.

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