EUA e Catar alertam que regras climáticas da UE ameaçam comércio e fornecimento de energia, gerando tensões em acordos bilionários de gás natural liquefeito.

Os Estados Unidos e o Catar estão levantando sérias preocupações em relação a uma nova diretiva da União Europeia (UE) que se propõe a regular a sustentabilidade das cadeias de suprimento corporativas. Segundo os dois países, essas regras podem impactar de maneira significativa o comércio internacional, investimentos e, principalmente, a segurança no fornecimento de energia ao bloco europeu.

A Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa, prevista para entrar em vigor em 2027, estipula multas que podem chegar a 5% do faturamento global de empresas que contribuírem para danos ambientais ou violações de direitos humanos em suas cadeias de suprimento. O governo dos EUA e o ministério de Energia do Catar enviaram uma carta conjunta aos líderes europeus, enfatizando a gravidade da situação, especialmente no que se refere às exportações de gás natural liquefeito (GNL), uma commodity de vital importância para a UE desde o início do conflito na Ucrânia em 2022.

Os ministros de energia de ambas as nações destacaram que o fornecimento confiável de GNL é indispensável neste momento crítico. Eles alertaram que a nova normativa não apenas ameaça a competitividade do comércio europeu, mas também pode colocar em risco acordos comerciais já estabelecidos, como o firmado entre a UE e o ex-presidente norte-americano Donald Trump, que envolvia a compra de US$ 750 bilhões em energia dos EUA até 2028.

A crescente tensão entre grandes produtores de combustíveis fósseis e a UE se torna evidentemente mais tensa com essa nova regra, enquanto o bloco busca acelerar sua transição para fontes de energia mais limpas. Atualmente, os Estados Unidos e o Catar são responsáveis por 16% e 4% do gás importado pela UE, respectivamente, e o bloco está determinado a eliminar sua dependência da Rússia até 2027.

A diretiva gerou uma resposta considerável da indústria e de governos, temendo que sua aplicação possa resultar em litígios contra empresas americanas. Tanto Chris Wright, secretário de Energia dos EUA, quanto Saad al-Kaabi, ministro de Energia do Catar, afirmaram que as novas regras tornariam inviáveis as operações dessas empresas dentro do espaço europeu. Há uma crescente pressão sobre os líderes europeus, incluindo de figuras proeminentes como o chanceler alemão Friedrich Merz e o presidente francês Emmanuel Macron, para reconsiderar a implementação dessa diretiva. A expectativa é que as negociações sobre possíveis revisões da legislação sejam iniciadas em breve, uma vez que a preocupação com os impactos econômicos se intensifica a cada dia.

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