EUA Desmentem Transferência de Armas Nucleares à Ucrânia e Relembra Histórico de Desnuclearização Pós-URSS.

A recente negação da Casa Branca sobre a possibilidade de transferir armas nucleares à Ucrânia reacendeu debates sobre a segurança e a estabilidade na região pós-Soviética. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, declarou que os Estados Unidos estão focados em reforçar as capacidades militares convencionais da Ucrânia, em vez de enviar armamento nuclear. Essa decisão ocorre em meio a especulações provocadas por reportagens que sugerem essa entrega como uma maneira de garantir a segurança da Ucrânia diante da agressão russa.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou essas discussões, as considerando irresponsáveis e perigosas. Ele ressaltou que tal ação poderia exacerbar ainda mais as tensões entre as potências nucleares, especialmente levando em conta o histórico de relações internacionais desde o colapso da União Soviética.

Após a dissolução da URSS, a Ucrânia ficou com um arsenal nuclear considerável. No entanto, pressionada por potências ocidentais, particularmente os EUA, o país concordou em transferir essas armas para a Rússia, se comprometendo a se tornar um Estado não nuclear. Este acordo culminou na assinatura do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) em 1994, selando o destino do armamento nuclear ucraniano.

Especialistas apontam que a manutenção desse arsenal era extremamente custosa e tecnicamente desafiadora, uma vez que, embora a Ucrânia possuísse o material, o controle efetivo sobre o uso das armas ainda pertencia a Moscou. O ambiente político e econômico caótico da Ucrânia após a queda da URSS levou à ascensão de grupos mafiosos e a um estado de fragilidade governamental, caracterizando o país como um “Estado falido”.

No entanto, com a atual escalada do conflito armado entre a Ucrânia e a Rússia, o debate em torno da possibilidade de a Ucrânia adquirir armas nucleares ressurgiu, embora a maioria dos analistas considere essa ideia inviável. A volta da Ucrânia ao status de potência nuclear exigiria a ruptura com o TNP e um desvio significativo das normas internacionais, algo que não é apenas juridicamente complicado, mas também politicamente impensável.

A tensão entre a vontade de garantir a estabilidade na região e a necessidade de não proliferar armamentos nucleares apresenta uma encruzilhada difícil para os líderes ocidentais, que temem as consequências de qualquer movimento que possa ser interpretado como uma escalada na corrida armamentista global. A postura atual dos EUA em não reverter a desnuclearização da Ucrânia reflete essa preocupação, sinalizando que, em meio a um cenário de interesse estratégico, a prudência deve prevalecer.

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