Dois especialistas em relações internacionais, Rodrigo Gallo e Regiane Nitsch Bressan, abordam a relevância dessa frente em meio a uma disputa crescente entre influências externas na América Latina, notadamente entre os Estados Unidos e a China. Gallo observa que, apesar do Brasil continuar com uma posição proeminente na região, as pressões de potências externas têm reduzido seu espaço de liderança. Para ele, a Frente Parlamentar atuará como um elo vital entre o Legislativo e as práticas de integração, contribuindo para uma nova fase de cooperação entre os países sul-americanos.
Por outro lado, Bressan considera que a atuação dos EUA pode ser vista como uma afronta direta ao Brasil, deslegitimando suas iniciativas de autonomia regional. A professora ressalta que a fragilidade das alianças na região, caracterizada por um “regionalismo líquido”, reduz a influência econômica do Brasil sobre seus vizinhos. Esta nova dinâmica, onde parcerias bilaterais se tornam mais comuns, esvazia a força dos blocos como o Mercosul, enfraquecendo o poder de barganha regional.
Em meio a essas tensões, a Frente Parlamentar tem o potencial de destravar acordos pendentes e fiscalizar a implementação de normas que impactam diretamente a vida do cidadão, como a facilitação do trânsito nas fronteiras e o reconhecimento de diplomas. A diversidade política do grupo reforça a necessidade de uma agenda de atuação que transcenda os interesses do Executivo, buscando uma integração mais robusta mesmo em períodos de estagnação entre os líderes.
Ambos os especialistas concordam que a atuante Frente Parlamentar, independentemente do resultado das próximas eleições em 2026, pode adaptar suas estratégias para garantir um papel coeso na busca por uma América do Sul mais integrada e autônoma. A complexidade das relações intercontinentais e a inevitável influência de potências externas continuarão a moldar o cenário político e econômico da região nos anos vindouros.
