EUA Desarticulam Projetos Brasileiros e Colocam em Risco Liderança Regional, Afirmam Especialistas na Disputa por Influência na América Latina

Na última quarta-feira, 10 de dezembro, foi criada a Frente Parlamentar pela Integração Sul-Americana em Brasília. Composta por 193 deputados e 11 senadores, a frente visa fortalecer a agenda de desenvolvimento conjunto do Brasil e seus vizinhos sul-americanos, alinhada ao programa Rotas de Integração Sul-Americana do Ministério do Planejamento e Orçamento. A criação deste grupo ocorre em um contexto de fragmentação política e econômica na região, destacando crises persistentes como a instabilidade do Peru, a inflacionada economia da Argentina e as tensões políticas na Bolívia.

Dois especialistas em relações internacionais, Rodrigo Gallo e Regiane Nitsch Bressan, abordam a relevância dessa frente em meio a uma disputa crescente entre influências externas na América Latina, notadamente entre os Estados Unidos e a China. Gallo observa que, apesar do Brasil continuar com uma posição proeminente na região, as pressões de potências externas têm reduzido seu espaço de liderança. Para ele, a Frente Parlamentar atuará como um elo vital entre o Legislativo e as práticas de integração, contribuindo para uma nova fase de cooperação entre os países sul-americanos.

Por outro lado, Bressan considera que a atuação dos EUA pode ser vista como uma afronta direta ao Brasil, deslegitimando suas iniciativas de autonomia regional. A professora ressalta que a fragilidade das alianças na região, caracterizada por um “regionalismo líquido”, reduz a influência econômica do Brasil sobre seus vizinhos. Esta nova dinâmica, onde parcerias bilaterais se tornam mais comuns, esvazia a força dos blocos como o Mercosul, enfraquecendo o poder de barganha regional.

Em meio a essas tensões, a Frente Parlamentar tem o potencial de destravar acordos pendentes e fiscalizar a implementação de normas que impactam diretamente a vida do cidadão, como a facilitação do trânsito nas fronteiras e o reconhecimento de diplomas. A diversidade política do grupo reforça a necessidade de uma agenda de atuação que transcenda os interesses do Executivo, buscando uma integração mais robusta mesmo em períodos de estagnação entre os líderes.

Ambos os especialistas concordam que a atuante Frente Parlamentar, independentemente do resultado das próximas eleições em 2026, pode adaptar suas estratégias para garantir um papel coeso na busca por uma América do Sul mais integrada e autônoma. A complexidade das relações intercontinentais e a inevitável influência de potências externas continuarão a moldar o cenário político e econômico da região nos anos vindouros.

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