EUA atacam barco venezuelano no Caribe: revelações vão contra justificativa de Trump; parlamentares debatem crime de guerra após bombardeios fatídicos.

No dia 2 de setembro, uma operação militar realizada por forças norte-americanas no Caribe resultou no bombardeio de uma embarcação envolvida no tráfico de drogas. A ação, que ocorreu em águas internacionais, não deixou sobreviventes. Contudo, novos desdobramentos revelam que a embarcação não tinha como destino os Estados Unidos, mas se dirigia ao Suriname, país sul-americano. Tal informação muda o entendimento inicial sobre o propósito da operação militar e suas justificativas.

A embarcação, supostamente utilizada por traficantes venezuelanos, estava em rota de encontro com uma embarcação maior. De acordo com investigações subsequentes, essa rota de tráfico tem como destino final os mercados europeus, contradizendo as declarações do presidente Donald Trump, que afirmou em comunicado que os “terroristas estavam transportando narcóticos ilegais rumo aos Estados Unidos”. Este ataque inicial foi o primeiro de mais de vinte bombardeios realizados por militares dos EUA na mesma região, parte de um esforço contínuo para combater o tráfico internacional de drogas.

Em uma audiência no Congresso, o almirante Frank Bradley, que coordenou a operação, prestou esclarecimentos a deputados e senadores. O bombardeio, que gerou intensas discussões e críticas, foi acusado de configurar um crime de guerra. Um relatório indicou que ao menos dois tripulantes conseguiram sobreviver à primeira explosão e sinalizaram por socorro, mas foram alvo de um segundo ataque, que recebeu autorização por parte do secretário de Defesa, Pete Hegseth. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, justificou a ação como necessária para “garantir a destruição do barco”, embora o manual do Pentágono sobre o direito de guerra estabeleça que feridos ou náufragos não devem ser considerados uma ameaça e, portanto, não devem ser atacados.

A polêmica em torno do bombardeio gerou reações acaloradas no Capitol Hill. Parlamentares democratas não hesitaram em qualificar a operação como um ato ilegal, convocando o almirante Bradley e outros líderes militares para prestar esclarecimentos. O deputado Jim Himes, em suas declarações, descreveu a cena dos sobreviventes como “uma das coisas mais perturbadoras que já vi” em sua carreira pública.

Enquanto isso, figuras republicanas minimizavam a gravidade do caso, exaltando a legalidade da operação. O próprio presidente Trump manifestou apoio ao segundo ataque, caracterizando a situação como uma necessidade de defesa nacional.

À medida que a situação se desenrola, a tensão entre os partidos políticos americanos em relação à conduta militar no Caribe e seu impacto nas relações internacionais continua a ser alvo de debates intensos.

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