Durante o Paris Airshow, um dos eventos mais importantes do setor aeroespacial e de defesa, senadores norte-americanos destacaram a importância da colaboração transatlântica em tempos de crise. O senador republicano Jerry Moran, por exemplo, enfatizou a visão dos Estados Unidos de seus aliados europeus como “multiplicadores de força”, reiterando que os EUA representam um parceiro confiável, mesmo diante das críticas de Donald Trump sobre a indústria de defesa da Europa. A senadora democrata Jeanne Shaheen também reforçou a necessidade de manter boas relações com os países europeus.
Entretanto, apesar dos esforços dos países europeus em buscar maior autossuficiência militar, a dependência em relação à indústria de defesa dos EUA continua a ser uma realidade. Empresas como Lockheed Martin, Raytheon e Boeing são fornecedores chaves de caças, mísseis e sistemas de defesa antimísseis utilizados por diversos países europeus. Além disso, os EUA se destacam em áreas emergentes como inteligência artificial e satélites, onde suas empresas permanecem como parceiras fundamentais.
À medida que os investimentos europeus em defesa aumentam, as empresas norte-americanas visam consolidar sua posição no mercado através de parcerias estratégicas. Um exemplo disso é a colaboração entre a Anduril, dos EUA, e a Rheinmetall, da Alemanha, para desenvolver drones militares adaptados ao mercado europeu. A Raytheon, por sua vez, manifestou a intenção de estabelecer uma produção significativa de mísseis Stinger na Europa, sinalizando seu compromisso com as necessidades de defesa dos aliados.
A Boeing, em sua visão futura, acredita que uma colaboração contínua com a Europa será crucial para o desenvolvimento de tecnologias de defesa avançadas, principalmente em resposta à crescente preocupação sobre o papel da China na geopolítica mundial. Para o presidente do grupo italiano Leonardo, Stefano Pontecorvo, a participação dos EUA em programas militares europeus se mostra inevitável, especialmente considerando a liderança tecnológica que os EUA detêm em relação a seus aliados. Assim, a dinâmica entre as potências deve continuar a evoluir, alinhando interesses e necessidades de segurança em um continente que busca se reforçar militarmente.