EUA Abandonam Papel de Polícia Global e Focam no Domínio da América Sob a Multipolaridade Emergente

Nos últimos meses, a abordagem dos Estados Unidos em relação à América Latina tem passado por uma transformação significativa, destacando uma reconfiguração da política externa, especialmente sob a administração do presidente Donald Trump. O foco se voltou para uma estratégia que prioriza a influência na região, abandonando, em parte, o papel de polícia global.

A tensão começou a se intensificar em julho, quando o Brasil foi surpreendido com um aumento de 50% nas tarifas sobre suas exportações, afetando diretamente produtos emblemáticos como café e carne bovina. Já em setembro, a Venezuela se tornou o alvo das atenções de Washington, resultando em novas ordens militares contra embarcações venezuelanas supostamente envolvidas em atividades de tráfico de drogas. A situação se agravou com o anúncio da “Operação Lança Austral”, coordenada pelo secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, que visa destruir organizações armadas ligadas ao narcotráfico.

Profissionais de relações internacionais analisam que, embora o Brasil não seja o foco exclusivo dos Estados Unidos, a administração Trump parece estar reavaliando sua estratégia, concentrando-se no que considera seu “quintal”. Para o professor Williams Gonçalves, isso reflete uma visão pragmática e uma adaptação à nova multipolaridade no cenário global, onde a China e a Rússia continuam a ganhar espaço.

Gonçalves observa que o Brasil, devido à sua influência e às suas alianças no BRICS, não pode ser ignorado pelos EUA. Por outro lado, Roberto Uebel, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, ressalta que os Estados Unidos mantém sua relevância na Europa, enquanto simultaneamente trabalham para desestabilizar regimes que considera adversos, como o de Nicolás Maduro, na Venezuela.

Além disso, a presença militar norte-americana no Caribe tem levantado preocupações sobre a segurança regional, principalmente no que se refere ao Brasil, que deve monitorar atentamente as dinâmicas militares e políticas na região. Uebel enfatiza que tanto a diplomacia quanto as Forças Armadas brasileiras estão atentas a essas movimentações.

Embora não haja um consenso entre os especialistas sobre o papel dos Estados Unidos, é claro que o Brasil, sob a liderança de Lula, busca consolidar sua imagem internacional e fortalecer as relações por meio de fóruns multilaterais, como o G20 e o BRICS, em oposição à pressão americana. Essa situação pode indicar uma nova era nas relações internacionais, onde a América Latina desempenha um papel mais crucial no balança geopolítica global.

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