Conduzido por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), o estudo analisou aproximadamente 6,9 milhões de nascimentos ocorridos entre 2015 e 2020 no Brasil. A pesquisa cruzou dados de três importantes bases: o Sistema de Informação sobre Nascimentos (SINASC), o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). O foco estava em medir o impacto das infecções por arbovírus na saúde dos recém-nascidos, abordando indicadores como peso ao nascer, idade gestacional e risco de morte nas primeiras semanas de vida.
Os números, embora possam parecer pequenos — com 19 mil mães diagnosticadas com dengue, 8.300 com zika e mais de 6 mil com chikungunya —, revelam consequências alarmantes. No caso da chikungunya, as gestantes apresentaram um risco maior de partos prematuros e complicações neonatais, especialmente quando a infecção ocorreu no segundo ou terceiro trimestre. O ginecologista Rômulo Negrini ressalta que a infecção pode ser transmitida durante o parto, resultando em graves complicações neurológicas para o bebê.
A dengue mostrou um padrão de complicações semelhante, com maiores taxas de partos prematuros e recém-nascidos com baixo Apgar em gestantes infectadas, especialmente durante o final da gravidez. Este cenário é agravado por fatores como febre alta e desidratação, que podem comprometer tanto a saúde da mãe quanto a do feto.
Já a Zika mantém-se como a arbovirose mais preocupante, mostrando um vínculo claro com malformações congênitas e aumento da mortalidade neonatal. A infecção por este vírus no primeiro trimestre da gestação está particularmente associada a microcefalia, deformidades e outras severas alterações no desenvolvimento.
Diante desse quadro, a pesquisa reforça a importância de protocolos de vigilância e suporte pré-natal para gestantes com suspeita de infecções. O diagnóstico precoce e o monitoramento são essenciais para mitigar os riscos. A falta de tratamento antiviral específico para as arboviroses torna ainda mais crucial o acompanhamento médico, especialmente em regiões com infraestrutura de saúde precária. Abordar as arboviroses como uma questão de saúde materno-infantil é fundamental para reducir os impactos negativos sobre mães e bebês, destacando a importância de uma vigilância mais eficaz e de cuidados obstétricos aprimorados.









