As investigações focaram na evolução de planetas classificados como sub-Netunos e revelaram que a existência de oceanos em tais ambientes é, na verdade, altamente improvável. Um elemento-chave deste estudo foi a consideração das interações químicas que ocorrem entre magma e atmosfera, um aspecto que foi negligenciado em pesquisas anteriores. As novas evidências acumuladas indicam que, ao contrário do que se pensava, os planetas hizoecanos podem não reter a água necessária em sua superfície.
Essas conclusões surgem em um momento em que o K2-18b, um exoplaneta que tem chamado a atenção dos cientistas, foi apontado como potencialmente habitável devido à detecção de sulfeto de dimetila — um possível sinal de vida. Apesar do entusiasmo inicial gerado por tal descoberta, análises subsequentes levantaram questões sobre a fragilidade das evidências encontradas, além de terem sugerido que a atmosfera densa e hostil desse exoplaneta pode limitar severamente as condições para a vida.
No total, a pesquisa avaliou 248 planetas simulados e constatou que nenhum deles apresentava camadas significativas de água em sua superfície. Mesmo aqueles com gelo abundante desde a sua formação terminaram com menos de 1,5% de sua massa como água próxima à superfície. O estudo aponta que a maior parte do hidrogênio e oxigênio tende a se combinar com metais e silicatos, resultando no sequestro da água nas profundezas desses mundos.
Aaron Werlen, coautor do estudo, destacou que a quantidade de água que poderia restar na superfície dos planetas encravados em atmosferas de hidrogênio é mínima. Adicionalmente, os planetas que eventualmente apresentam atmosferas mais ricas em água não se formaram nas regiões frias do espaço, como se pensava, mas em órbitas mais próximas às suas estrelas, onde os reativos químicos entre hidrogênio atmosférico e rochas derretidas promovem a geração de água.
Essas descobertas têm implicações significativas para a astrobiologia, pois se a possibilidade de planetas hiceanos for realmente limitada, os ambientes mais promissores para a presença de água líquida e a vida podem na verdade estar em planetas rochosos menores, mais parecidos com a Terra. Contudo, o K2-18b ainda representa um importante objeto de estudo, uma vez que sua natureza como um sub-Netuno comum pode fornecer valiosas lições sobre a formação e a dinâmica de sistemas planetários em nossa galáxia.