Pesquisadores compararam dados sobre a distribuição do hidrogênio galáctico com registros de cristais de zircão, antigos minerais que oferecem um vislumbre da química da crosta terrestre ao longo de bilhões de anos. O hidrogênio neutro, que emite ondas de rádio características, é utilizado como um indicador para mapear os braços espirais da galáxia, que são regiões densas em estrelas e gás. O Sistema Solar, ao transitar por esses braços a cada 180 a 200 milhões de anos, pode ter favorecido um aumento na taxa de cometas e asteroides, afetando drasticamente a superfície terrestre.
Essa investigação se baseou na análise dos isótopos de oxigênio presentes nos cristais de zircão, que indicam se o magma se originou em contato com água superficial ou em profundidades maiores dentro da Terra. Os cientistas notaram correlações entre oscilações na composição isotópica dos zircões e momentos específicos em que o Sistema Solar transitou por áreas densas em hidrogênio, sugerindo que esses encontros cósmicos podem ter causado eventos significativos, tornando a crosta terrestre mais instável durante esses períodos.
Uma das hipóteses levantadas é que a passagem por braços espirais da galáxia possa ter agitado a Nuvem de Oort, levando ao lançamento de cometas em direção ao nosso planeta. O impacto desses corpos celestes pode gerar energia suficiente para provocar alterações geológicas que deixam marcas duradouras, que os zircões registram, mesmo após a erosão de crateras visíveis.
Essas descobertas expandem a compreensão da evolução geológica da Terra, indicando que fatores externos, como a estrutura galáctica, podem influenciar substancialmente o desenvolvimento da crosta e, potencialmente, a habitabilidade do planeta. Embora os cientistas cautelizem contra a interpretação precipitada de correlações como causais, os dados obtidos oferecem um caminho promissor para o entendimento das complexas interações entre o cosmos e a geologia da Terra.