De acordo com o especialista em Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo, Marcos Eduardo Hartwig, a definição de zonas de criticidade baseada em um deslocamento de apenas 5 milímetros é insuficiente. Ele defende a importância de um monitoramento contínuo e mais rigoroso dos deslocamentos do solo, utilizando técnicas reconhecidas, como a A-DInSAR. Hartwig ressalta que é preciso mapear adequadamente os danos nas edificações da Zona 01 e em áreas adjacentes, uma vez que muitos imóveis estão fora do mapa atual, mas aparentam estar em risco.
Durante a apresentação, Hartwig expôs análises de regiões como Bom Parto e Flexais, onde os moradores enfrentam isolamento social e não estão considerados nas ações de realocação. Ele mencionou que, em alguns locais, o solo apresenta deslocamentos verticais de até 10 milímetros por ano, superando a margem de 5 milímetros estabelecida no mapa de criticidade.
O relatório, inédito e independente, foi elaborado por instituições como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e universidades da Alemanha e Brasil. A pesquisa teve início em fevereiro de 2025, a partir de uma solicitação do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública do Estado de Alagoas, que buscou uma análise meticulosa dos dados oficiais da Defesa Civil de Maceió.
Na conclusão do evento, o defensor público Ricardo Melro afirmou que levará as descobertas aos conhecimentos do prefeito JHC e outros órgãos envolvidos. A Defesa Civil, por sua vez, declarou que não foi informada sobre a audiência e contestou o conteúdo do relatório, reafirmando que o mapa de Ações Prioritárias foi elaborado em conjunto com a Defesa Nacional e outras entidades, e que as áreas afetadas estão sob constante monitoramento.