Ao invés de simplesmente descartar o lixo longe de suas habitações, esses agricultores adotavam uma abordagem distinta, frequentemente armazenando restos de alimentos e outros objetos em fossas localizadas em seus terrenos. Essa prática revela não apenas uma nova relação com o conceito de resíduos, mas também indica um senso de responsabilidade em relação ao que produziam.
A professora Penny Bickle, do Departamento de Arqueologia da Universidade de York, ressalta que o modo como esses povos tratavam seu lixo pode oferecer insights valiosos. Ela observa que nem todas as culturas vislumbram o lixo como algo a ser eliminado, sugerindo que a reutilização de certos itens era parte de suas vidas cotidianas. Essa ideia é reforçada por Bruno Vindrola-Padros, da Universidade de Quiel, que propõe que os objetos descartados podem carregar significados que vão além da utilidade prática, indo até o campo afetivo.
Os pesquisadores estão investigando quatro diferentes sites arqueológicos entre os Bálcãs e o Báltico. Os estudos incluem a análise de cerâmicas e ossos de animais, permitindo uma exploração da trajetória desses itens desde o uso inicial até seu abandono. A professora Henny Piezonka, da Universidade Livre de Berlim, acredita que, ao contrário da visão contemporânea sobre resíduos, os agricultores neolíticos não encaravam o lixo como um problema. Assim, o projeto busca entender não apenas os desafios que o acúmulo de resíduos implicava, mas também as oportunidades de reparação e reutilização que essas sociedades antigas implementavam.
Essa pesquisa não apenas amplia a compreensão do comportamento humano em relação ao lixo ao longo da história, mas também pode oferecer lições frutíferas para a forma como lidamos com o desperdício hoje. Ao investigar as atitudes passadas, os cientistas esperam moldar novas perspectivas sobre a sustentabilidade e a gestão de resíduos na sociedade contemporânea.
