Os dados coletados durante a análise indicam que essas vítimas não integravam a comunidade local. A combinação de evidências genéticas, químicas e morfológicas revela que os restos pertenciam a indivíduos com origens geográficas distintas, não associadas ao grupo que habitava Goyet. Esse fator levanta questões sobre possíveis tensões territoriais entre diferentes grupos de neandertais.
Conforme os pesquisadores, as marcas presentes nos ossos traçam um perfil que sugere que essas práticas não envolviam rituais, mas eram motivadas pela necessidade de sobrevivência. As evidências mostram similares a aquelas observadas no processamento de animais caçados para consumo, o que desafia a ideia comum de que o canibalismo entre os neandertais era uma prática principalmente ritualística.
O estudo, publicado na renomada revista “Scientific Reports”, foi conduzido por uma equipe que inclui especialistas do Centro Nacional de Pesquisa Científica e das universidades de Bordeaux e Aix-Marseille, na França. Eles argumentam que a canibalização de indivíduos externos pode refletir pressões sociais e territoriais que existiam antes da extinção dos neandertais na região.
Essas descobertas se inserem em um período do final do Paleolítico Médio, marcado por um mosaico cultural vibrante entre grupos neandertais e a emergente presença de Homo sapiens em áreas vizinhas. Essa complexidade cultural sugere uma dinâmica social rica, onde os conflitos e as interações entre diferentes grupos podem ter influenciado drasticamente suas práticas alimentares, inclusive o canibalismo.
