Inicialmente, a estudante considerou a peça apenas um pedaço de escória, mas a coloração esverdeada chamou sua atenção. Ao apresentar o objeto ao professor Gordon Noble, a reação dele manifestou que se tratava de algo muito mais significativo. “Observando mais de perto, pude ver elementos que sugerem dois olhos, um nariz e até uma linha de cabelo”, relatou Allan, expressando o impacto emocional que essa descoberta gerou nela.
O achado é considerado um marco nas escavações da região, onde já foram evidenciados sinais de um assentamento próspero e estrategicamente posicionado nas fronteiras do antigo reino picta. Entre os artefatos recuperados, destacam-se cerâmicas importadas de Oxfordshire e do norte da França, associadas a elite local. Segundo Joe Fitzpatrick, da Falkland Stewardship Trust, “o número de objetos completos encontrados é incomum para o período picta e sugere que a comunidade era rica e muito influente”.
O professor Gordon Noble enfatizou a rara representação dessa pedra, que se assemelha a figuras humanas em manuscritos antigos. Esse aspecto é particularmente intrigante, uma vez que as representações faciais são quase inexistentes na arte da Escócia medieval. Ele destaca que a imagem parece ser um retrato rudimentar de alguém que viveu naquela época.
Além da pedra, a temporada de escavações de 2025 também revelou um machado de ferro completo e fragmentos de armamentos, reforçando a ideia de que East Lomond era um centro de alto status na antiga sociedade picta. O achado ajuda a desafiar estereótipos que retratam os pictos como guerreiros misteriosos, mostrando que eles também podem ter produzido representações pessoais mais simples, possivelmente para familiares ou membros da comunidade.
Assim, a descoberta da pedra esculpida pode oferecer novas perspectivas sobre a autoimagem e a identidade dos pictos, ajudando a reescrever partes da história antiga da Escócia. Para Jodie Allan, a experiência de segurar um item que pode representar uma pessoa de há mil e quinhentos anos é indescritível e faz com que o passado pareça muito mais próximo e palpável.