Morador de Salto e observador habitual da situação do rio, Santos destaca que, ao longo de seus dez anos de registros, a qualidade das águas do Tietê nunca apresentou melhorias significativas. “Parece que está pior. As pessoas que visitam a região das cachoeiras reclamam muito do cheiro. Nós, moradores, já nos acostumamos, mas os visitantes frequentemente relatam irritação nos olhos e no nariz devido aos gases provenientes da espuma”, informou.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) anunciou que intensificou as fiscalizações e, recentemente, aplicou multas para tentar conter a poluição. O governo paulista planeja investir R$ 20 bilhões em saneamento até 2029, um passo essencial para lidar com a crise hídrica na região.
Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, explicou que o problema das espumas é geralmente exacerbado pela baixa vazão do rio nesse período do ano. Ela enfatizou que a poluição proveniente da Região Metropolitana de São Paulo tem uma contribuição significativa na degradação do Tietê. Segundo ela, a presença de espumas é resultado de substâncias surfactantes, como detergentes, que se acumulam no esgoto e são levadas para o rio.
Este ano, a situação foi ainda mais crítica em virtude do rompimento de uma rede de esgoto na Marginal Tietê. A Sabesp, companhia responsável pelo saneamento na região, lançou efluentes no rio, agravando a já complicada situação, especialmente em um período em que a estiagem aumenta a concentração de poluentes.
Adicionalmente, Ribeiro mencionou que outra falha ocorreu em uma estação elevatória do Rio Pinheiros, novamente resultando no lançamento de esgoto diretamente no Tietê. Essa prática é contrária à Constituição paulista, que proíbe o despejo de efluentes não tratados, e compromete os investimentos feitos na despoluição do rio ao longo das últimas três décadas.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) confirmou que precisou realizar uma “manobra emergencial” para gerenciar a situação, mas não respondeu às solicitações de comentários sobre os impactos dessa e de outras ações na qualidade das águas.
Por sua vez, o governo de São Paulo reiterou seu comprometimento com o programa IntegraTietê, que visa conectar 2,2 milhões de domicilios à rede de esgoto em um prazo até 2029. Um Grupo de Fiscalização Integrada percorreu 7.100 quilômetros do Tietê e aplicou R$ 6,6 milhões em multas somadas. Apesar das medidas, a luta pela despoluição do Rio Tietê continua sendo um desafio em meio às persistentes crises ambientais.