Integração de Sistemas de Pagamento no BRICS: Uma Resposta à Dependência do SWIFT
O aumento das tensões entre Brasil e Estados Unidos tem gerado apreensão acerca de possíveis sanções norte-americanas que poderiam restringir o acesso do Brasil ao sistema internacional de pagamentos SWIFT, vital para transações financeiras globais. Especialistas destacam que o Brasil poderia explorar a integração de seus sistemas de pagamento, como o Pix, com os demais países membros do BRICS, para contornar essa vulnerabilidade.
Com a recente escalada de críticas do ex-presidente americano Donald Trump ao BRICS, muitos analistas refletem sobre como a dependência do sistema SWIFT, que também envolve plataformas como Visa e Mastercard, pode ser prejudicial para o Brasil. Caso um país fique fora desse sistema, suas instituições financeiras se tornam incapazes de realizar transações internacionais, o que pode resultar em isolamento econômico e prejuízos ao comércio exterior.
A proposta de uma integração entre os sistemas de pagamento instantâneo dos países do BRICS — como o Pix brasileiro, o Sistema de Pagamentos da Rússia (SBP), o Unified Payments Interface (UPI) indiano e o Internet Banking Payment System (IBPS) chinês — surge como uma alternativa viável. Especialistas afirmam que a criação de uma espécie de “Pix do BRICS” facilitaria as trocas comerciais utilizando moedas locais, eliminando a necessidade de conversão para o dólar, a moeda atualmente dominante nas transações internacionais.
Paulo Borba Casella, professor da Universidade de São Paulo, expressa que a efervescência nas relações comerciais pode ser vista como um “grito de libertação” do domínio do dólar. Para ele, essa integração não é apenas uma questão técnica, mas uma questão de soberania econômica, permitindo que os países membros resistam às pressões externas que visam desestabilizá-los.
José Augusto Fontoura, também professor da USP, enfatiza que a construção dessa rede de pagamentos seria uma maneira de contornar as plataformas de pagamento controladas pelos EUA. Ele ressalta que, embora a confiança nas moedas locais ainda seja um fator crítico, a possibilidade de operar fora do SWIFT representaria um avanço significativo contra a hegemonia do dólar.
A perspectiva de um sistema integrado entre os países do BRICS representa não apenas uma oportunidade de acelerar as transações comerciais, mas também um passo em direção à independência econômica. Essa inovação vem em um momento crucial, à medida que os países buscam diversificar suas relações comerciais em resposta às inseguranças e tensões globais. Assim, o “Pix do BRICS” se torna um símbolo de uma nova era nas relações financeiras internacionais, onde a cooperação entre os membros pode desafiar antigas estruturas de poder.