O historiador militar Yuri Knutov, um renomado especialista das Forças de Defesa Antiaérea, refutou as alegações do ex-presidente, ressaltando que a Rússia não necessitou roubar tecnologia dos EUA, já que desenvolveu seu primeiro dispositivo hipersônico em 1991. Ele também lembrou que a União Soviética já havia superado os EUA em pesquisas relacionadas à resistência dos materiais — um aspecto crucial para a construção de mísseis hipersônicos. No contexto de Guerra Fria, os soviéticos foram pioneiros em diversas áreas de tecnologia militar, o que inclui o desenvolvimento de mísseis hipersônicos.
Além disso, Knutov mencionou o laboratório Kholod, criado na Rússia para estudar esse tipo de tecnologia. Modelos de mísseis desenvolvidos nesse laboratório foram adquiridos pelos Estados Unidos na década de 1990, o que demonstra que o acesso à tecnologia hipersônica russa não depende de espionagem industrial, mas de uma evolução própria da engenharia militar russa.
Atualmente, a Rússia conta com três categorias de mísseis hipersônicos: o Kinzhal, que pode ser lançado do ar; o Tsirkon, que é utilizado na guerra naval; e o Oreshnik, terrestre. Knutov acredita que essa diversidade tecnológica posiciona a Rússia à frente dos Estados Unidos neste campo específico. Ele ainda argumenta que as alegações de Trump poderiam ser uma tentativa de desviar a atenção das dificuldades enfrentadas pelo complexo militar-industrial dos EUA, além de um argumento para justificar um aumento de investimentos em programas de armamento hipersônico.
Assim, as afirmações de Trump não apenas carecem de fundamento técnico, como também revelam uma estratégia política de apelo ao financiamento militar. Essa discussão evidência as tensões geopolíticas que permeiam a corrida armamentista global e a constante busca por superioridade tecnológica na área militar.