Especialista alerta sobre riscos da exposição de crianças nas redes sociais e a necessidade de limites legais para proteção da infância

Na era digital em que vivemos, a exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais se tornou um tema de crescente preocupação. A advogada Camila Galvão, com mestrado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialização em Direito das Famílias e Sucessões, recentemente abordou esse assunto em uma entrevista. Camila enfatizou a necessidade de refletir sobre os riscos associados à presença online dos mais jovens, ressaltando que uma simples postagem pode ter repercussões sérias, muitas vezes irreversíveis.

Durante a conversa, ela apresentou dois casos emblemáticos que ilustram os extremos da exposição digital. Um deles é o das filhas da influenciadora Virgínia Fonseca, que desde bebês já estão inseridas em um universo de redes sociais, campanhas publicitárias e interação constante com o público. Camila alertou que essa superexposição pode carregar uma carga emocional significativa para essas crianças, que ainda não têm a maturidade necessária para processar essa pressão social. “Crianças que crescem sob os holofotes da internet podem enfrentar dificuldades no desenvolvimento emocional e psicológico”, ressaltou.

Em contraponto, a advogada também mencionou o caso de Titi, a filha de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso. Apesar de não possuir perfis nas redes sociais, a menina foi alvo de ataques racistas online, demonstrando que a violência digital não depende da presença ativa da criança na internet, mas sim da acessibilidade de sua imagem. “Este exemplo evidencia a vulnerabilidade das crianças na era digital”, completou.

Outro ponto crítico abordado por Camila foi o uso indevido de imagens infantis através de tecnologias de inteligência artificial. Segundo ela, fotos consideradas inofensivas, como aquelas tiradas em praias ou piscinas, podem ser manipuladas e utilizadas em redes de pedofilia. “É alarmante o poder que concedemos à internet. Mesmo com perfis privados, nunca podemos garantir que uma imagem não será salva, editada e desviada para fins criminosos”, advertiu.

Camila Galvão também defendeu a criação de limites legais que regulamentem o uso da imagem de crianças nas redes sociais, enfatizando que esse cuidado deve incluir qualquer exposição promovida pelos próprios pais. “O direito à proteção, privacidade e dignidade da criança deve preponderar sobre interesses como visibilidade e monetização”, afirmou. Para ela, é essencial que os responsáveis entendam que “a internet não esquece”, e aqueles conteúdos que hoje podem parecer inofensivos podem ter consequências graves no futuro. Assim, a proteção da infância se revela também na responsabilidade de saber quando não postar.

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