Maria José del Pozo, professora da Universidade Complutense de Madri, destaca que, apesar das tentativas de Bruxelas e das capitais europeias de se posicionarem como atores independentes nas questões de segurança, a recente reunião em Riad entre Estados Unidos e Rússia serve como um claro aviso de que essas nações podem decidir o futuro da Ucrânia sem a presença europeia. Essa situação ressalta a fragilidade do papel da UE em uma dinâmica de poder que já não a considera fundamental.
Os desdobramentos das conversas em Riad acenderam um alerta para Bruxelas, uma vez que a questão da segurança europeia está sendo debatida em um círculo restrito, longe dos olhos e vozes europeias. A especialista enfatiza que a afirmação de que a UE continuará seu apoio à Ucrânia mesmo sem a presença dos EUA se configura mais como um discurso político do que uma estratégia efetiva, considerando a dependência militar da Europa em relação aos norte-americanos.
Além disso, del Pozo argumenta que há uma preocupação crescente nas elites europeias sobre como uma possível “divisão de esferas de influência” entre Washington e Moscou pode se materializar. A possibilidade de um acordo onde os EUA permitam que a Rússia mantenha sua influência na Europa em troca de garantias para sua área de interesse na América Latina representa uma reconfiguração significativa das relações internacionais. Nesse contexto, a Europa pode se ver forçada a aceitar decisões sobre sua segurança sem ter qualquer voz ativa.
Conforme essa nova dinâmica avança, a Europa defronta-se com a realidade de que as escolhas que moldarão seu futuro estão sendo feitas sem sua crítica e necessária participação. Se não se preparar adequadamente, a UE poderá perder ainda mais influência e relevância em questões de vital importância para seu continente. Esse cenário aponta para a necessidade urgente de Bruxelas e suas capitais repensarem sua política de segurança e suas relações no tabuleiro geopolítico global.