A investigação foca contratos com a Alepa, o Detran e a Polícia Científica do Pará. De acordo com documentos obtidos, os saques eram realizados na própria sede da Alepa, onde os valores em espécie eram repassados diretamente a servidores públicos envolvidos no esquema, facilitando o encobrimento das transações e reduzindo suspeitas de movimentação financeira irregular.
Relatórios da PF destacam que, entre os três meses de funcionamento da agência bancária na Alepa, impressionantes R$ 14 milhões foram movimentados, com uma significativa parte desses valores direcionada a servidores da legislatura. A corporação sublinha que essa prática de realizar saques em locais vinculados ao Poder Legislativo não apenas agilizava as operações ilícitas, mas também atuava como uma forma de proteção para os envolvidos.
Além dessa operação, a PF também investiga outras movimentações que totalizam R$ 101 milhões em espécie, realizadas por pessoas ligadas a empresas sob suspeita. Um dos pontos críticos da investigação refere-se à empresa Líder Engenharia, que, segundo dados do Conselho de Controle de Atividade Financeiras (Coaf), movimentou R$ 198,3 milhões entre 2018 e 2025. Destes, R$ 101,7 milhões foram sacados em espécie, principalmente por dois sócios investigados, os quais têm mandados de prisão preventiva.
Os investigadores detalham que o esquema funcionava a partir de contratos fraudulentos com órgãos públicos, onde licitações eram manipuladas para favorecer determinadas empresas, resultando em pagamentos milionários, mesmo sem a execução dos serviços contratados. Depois disso, os saques eram realizados e os valores, entregues a servidores corruptos.
Em resposta às alegações, a defesa de um dos investigados, Jacélio Faria da Igreja, negou qualquer envolvimento em corrupção, afirmando que as operações financeiras levantadas pelo Coaf não configuram automaticamente ilegalidades. Os outros citados, incluindo a Alepa e as empresas, ainda não se manifestaram sobre as acusações.
Esse desdobramento revela a necessidade urgente de um rigoroso controle sobre as transações e contratos públicos, destacando a complexidade da luta contra a corrupção no Brasil.