Para entender essa ideologia, é vital considerar suas origens, que remontam ao final do século XIX e à figura de Theodor Herzl, considerado o pai do sionismo político. Herzl e outros pensadores sionistas debatendo a formação de um Estado judeu em um território bem mais extenso que a Israel atual, inspirados por passagens bíblicas que delimitam o espaço entre Nilo e Eufrates. Segundo especialistas, essa ideia combina elementos de fé religiosa e uma “pseudo-arqueologia sagrada” que busca reconstituir essa narrativa bíblica em fronteiras contemporâneas.
O historiador Mansur Peixoto sugere que existe um fio de continuidade entre os escritos de Herzl e as concepções de lideranças atuais no movimento dos colonos. Para ele, o projeto da Grande Israel vai além da retórica; reflete-se em políticas tangíveis de expansão territorial. Desde 2018, o Estado de Israel adotou uma postura que considera assentamentos ilegais, segundo o direito internacional, como um valor nacional.
Essa ideologia não é aceita por todos os segmentos da sociedade israelense e do mundo judaico. Karina Calandrin, assessora acadêmica do Instituto Brasil-Israel, argumenta que o conceito de Grande Israel é um projeto minoritário, defendido por grupos específicos. Ela advoga por uma solução de dois Estados, reconhecendo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza como territórios palestinos e se opondo à expansão dos assentamentos.
Com a intensificação dos conflitos e a repercussão global, surgem também tensões relacionadas a acusações de antissemitismo dirigidas a críticos do governo israelense. Para muitos, é crucial distinguir entre a crítica à política de Israel e o ódio direcionado aos judeus, ressaltando que questionar as ações do governo não é equacionável ao antissemitismo.
A situação na região continua a gerar debates complexos e muitas vezes polarizadores, refletindo não apenas o contexto político, mas também camadas profundas de história, religião e identidade.
