O jovem foi perseguido por dois agentes após dar um tapa no retrovisor de uma viatura e, durante a abordagem, resistiu e segurou a perna de um dos PMs, sendo atingido por um tiro no abdômen à queima-roupa dentro de um hotel na Vila Mariana.
Para o coronel da reserva da PM e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva, o fato de Marco Aurélio não representar uma ameaça armada, nem ter um porte físico superior ao dos policiais, torna injustificável o uso de arma de fogo para contê-lo. Ele ressalta que os policiais devem ter treinamento para imobilizar e conduzir pessoas problemáticas, evitando o uso de armas letais.
O ex-corregedor da PM de São Paulo, coronel Marcelino Fernandes, também aponta grave equívoco na abordagem dos policiais, destacando que deveria ter sido utilizado o uso progressivo da força, incluindo armas não letais como gás lacrimogêneo, cassetete e taser.
Esse trágico incidente reflete uma tendência preocupante de aumento na letalidade policial em São Paulo. Até outubro deste ano, 598 pessoas morreram em decorrência de intervenção policial, superando os números dos anos anteriores. Especialistas apontam que a conduta dos PMs pode ser influenciada por discursos e ações das autoridades responsáveis pela segurança pública.
Além disso, as imagens do circuito interno do hotel desmentem a versão dos PMs descrita no boletim de ocorrência. O vídeo mostra que o estudante não tentou subtrair a arma de fogo dos policiais, como alegado. A Secretaria da Segurança Pública informou que os agentes foram indiciados e afastados das atividades operacionais para que as apurações do caso sejam concluídas.
Esse triste episódio levanta questionamentos sobre a preparação dos policiais, as condições de trabalho enfrentadas por eles e a responsabilidade das autoridades no estabelecimento de diretrizes de atuação. A segurança pública é um direito fundamental dos cidadãos e, portanto, é imperativo que casos como esse sejam investigados e que medidas sejam tomadas para evitar tragédias como a morte de Marco Aurélio Cardenas Acosta.