Equipe do Hospital das Clínicas da FMUSP adapta protocolos de hepatites fulminantes para casos de Febre Amarela, com aumento de taxas de sobrevivência.

Com um aumento significativo de taxas de sobrevivência entre os pacientes elegíveis, a equipe de infectologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) publicou os resultados da adaptação de protocolos de atendimento de hepatites fulminantes para casos de Febre Amarela. De acordo com a equipe, a implementação desses protocolos resultou em uma taxa de sobrevivência na casa dos 84%.

A terapia desenvolvida, inicialmente para tratar casos graves de hepatite por uma equipe médica dinamarquesa, consiste no uso de transfusões de plasma sanguíneo, proporcionando mais tempo ao corpo para se recuperar. A sobrecarga no fígado impede o órgão de regular toxinas, elevando a toxicidade de elementos como a amônia no sangue. Os casos de febre amarela, diferentes da infecção pelo vírus da hepatite, apresentaram melhorias após alguns dias de tratamento, em contraste com a equipe do HC, que observou melhorias com tratamentos prolongados.

O tratamento com plasma é apontado como uma alternativa mais simples e acessível em comparação com o transplante de fígado, comumente utilizado em casos graves. A terapia com transfusões foi aplicada duas vezes ao dia, com sessões de duração entre uma hora e uma hora e meia. Após o sucesso no surto paulista de 2018/2019, a terapia também foi implementada na equipe do Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, com resultados semelhantes.

No entanto, a eficácia do tratamento nos casos atuais em São Paulo é prejudicada pela baixa chegada dos pacientes aos hospitais de alta complexidade. A falta de reconhecimento e testagem precoce dos pacientes por equipes de unidades de atendimento primário e secundário é apontada como um dos principais problemas. O aumento de casos neste ano levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um alerta para viajantes recentemente.

Em relação aos casos registrados em São Paulo, a Secretaria de Estado da Saúde aponta a região de Campinas como possível local de infecção para a maioria dos casos. Dos 18 casos reportados, 12 resultaram em óbito, demonstrando uma alta taxa de letalidade. Reforçando a importância da vacinação, a pasta informou que 11 dos 12 mortos não haviam sido vacinados. A vigilância epidemiológica de macacos mortos também é destacada como um evento importante a ser informado às autoridades.

Em resumo, a adaptação de protocolos para casos de febre amarela, a utilização de terapia com plasma e a necessidade de uma melhor rede de atendimento e testagem precoce são pontos essenciais na luta contra a doença, especialmente em meio ao aumento de casos no estado de São Paulo. A pesquisa realizada em colaboração entre diferentes departamentos e instituições de saúde demonstra a importância da atuação conjunta e da busca por soluções inovadoras no enfrentamento de doenças graves como a febre amarela.

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