“Procurei por ela em todos os hospitais de Meca”, disse Yaser em entrevista por telefone à AFP. Hospedado em um hotel, ele se recusa a acreditar que sua esposa esteja morta. Um diplomata árabe revelou que os 630 egípcios identificados entre os mortos eram peregrinos clandestinos que não tinham acesso às tendas climatizadas disponíveis para enfrentar as altas temperaturas.
As autoridades sauditas confirmaram 577 mortes durante os dois dias mais importantes do hajj, sábado e domingo, mas ressaltaram que este era um número parcial. O Departamento de Estado dos EUA também informou que “vários” cidadãos americanos faleceram durante a peregrinação.
O hajj, um dos cinco pilares do islamismo, reuniu 1,8 milhão de fiéis, sendo 1,6 milhão deles estrangeiros. As permissões para participar do ritual são concedidas seguindo um sistema de cotas por país e posteriormente sorteadas. No entanto, muitos tentam evitar os circuitos oficiais devido aos altos preços das agências de viagens credenciadas.
Durante a peregrinação, Yaser enfrentou dificuldades por não ter autorização, pagando tarifas exorbitantes para se locomover nos locais sagrados. Outros peregrinos relataram cenas dramáticas e mortes devido ao calor intenso. Mesmo os peregrinos autorizados tiveram dificuldades em acessar os serviços de emergência, evidenciando que o sistema estava sobrecarregado.
A tragédia vivida por Yaser e outros peregrinos levantou questionamentos sobre a segurança e a organização do hajj, mostrando que melhorias precisam ser feitas para evitar que situações como essa se repitam no futuro. A peregrinação, que deveria ser um momento de devoção e espiritualidade, acabou se tornando um cenário de dor e perdas irreparáveis para muitas famílias.