A utilização de métodos fraudulentos durante o Enem não é apenas uma violação das regras do exame, mas constitui um crime federal. Segundo o edital de 2024, qualquer tentativa de fraudar o exame pode resultar na eliminação imediata do candidato. Inclusive, no dia da prova, foram afixados cartazes nas escolas participantes alertando sobre as penalidades legais para quem tentasse burlar o sistema. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização do Enem, informou que está atento a esses casos e que os candidatos que postaram evidências de fraude nas redes sociais podem ser desclassificados retroativamente, mesmo que não tenham sido pegos em flagrante durante a realização da prova.
Os modelos de redação que aparecem nas redes são textos vendidos por preços que variam até R$ 50 ou distribuídos gratuitamente pela internet. Esses textos são elaborados de maneira a se adaptarem a diferentes temas, bastando ao candidato inserir o assunto específico abordado no exame daquele ano. Esse método, que tem gerado discussões entre educadores, levanta questões sobre os critérios de correção do Enem. Os professores argumentam que a prioridade na avaliação tem sido mais a forma do texto do que seu conteúdo, o que possibilita o uso dessas técnicas de maneira tão eficiente.
Algumas postagens já foram apagadas, mas outras continuam disponíveis na internet. Em um vídeo recente, uma estudante mostra a versão rascunho de sua redação oficial, que coincide exatamente com o modelo de “cola” que ela havia levado, apenas preenchido com o tema proposto na edição do exame: “Desafios para valorizar a herança africana na cultura brasileira”. A repercussão desse caso mostra a necessidade de uma revisão nos métodos de fiscalização e nos critérios de correção do Enem, a fim de garantir a justiça e a legitimidade do processo seletivo que é uma porta de entrada para o ensino superior para milhões de jovens brasileiros.
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