Empresário Acusado de Grilagem na Amazônia Ligado a Criptomoeda Verde e Escândalos de Corrupção em Registro de Terras.

O empresário Ricardo Stoppe Jr. foi recentemente implicado em um grande esquema de grilagem na Amazônia, com a Polícia Federal (PF) apontando uma série de irregularidades, incluindo apropriação de mais de 500 mil hectares de terras públicas e indígenas. Stoppe Jr., até então reverenciado em círculos de sustentabilidade, tinha sido parceiro da Moss, uma empresa de negócios verdes que lançou uma criptomoeda baseada em créditos de carbono de suas propriedades.

Com um histórico sólido no setor de créditos de carbono desde os anos 2010, Stoppe Jr. se destacou como um dos principais fornecedores desses ativos no Brasil. Seu modelo de negócios, que envolvia a venda de créditos para grandes multinacionais e instituições financeiras, parecia promissor. Ele chegou a declarar em entrevistas que a parceria com a Moss trouxe oportunidades significativas para viabilizar suas operações no mercado de carbono.

No entanto, o cenário mudou drasticamente após a PF iniciar investigações que revelaram um esquema complexo de falsificação de documentos e pagamento de propinas para registrar terras ilegalmente. Propriedades como a Fazenda Ituxi, uma área de 133 mil hectares que era promovida como parte de suas iniciativas de créditos de carbono, são agora alvos de investigações. Documentos levantados pela PF indicam que essas terras foram manipuladas para aumentar sua titularidade, com registros datados de décadas atrás sendo utilizados de maneira fraudulenta.

Paralelamente, surgiram conversas que envolviam pagamentos a oficiais de cartório, pessoas ligadas à sua empresa e até mesmo a policiais na região amazônica. A informação sugere uma rede de corrupção enraizada que facilitou a execução de suas atividades ilegais. Conversas interceptadas indicam que Stoppe Jr. tinha influência sobre diferentes esferas do poder local, incluindo policiais a quem ele teria “destinado” recursos para interesses particulares.

Em adição, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) atribuiu a Stoppe Jr. transações suspeitas totalizando R$ 1,1 bilhão, destacando um movimento financeiro no qual R$ 700 mil foram transferidos para o marido de uma oficial de cartório citada nas investigações. As conversas reveladas demonstram uma clara tentativa de manipular o sistema para garantir vantagens em suas empreitadas, refletindo um padrão preocupante de violações legais.

Nas redes sociais, Stoppe Jr. é uma figura polêmica, com postagens que mostram um alinhamento com ideais conservadores e que foram alvo de verificação por disseminação de informações falsas. O envolvimento de seu filho nas investigações, junto com doações de campanha para figuras políticas destacadas, acrescenta uma camada adicional de perplexidade e complexidade ao caso.

Atualmente, a situação de Stoppe Jr. é um exemplo alarmante de como interesses corporativos e corrupção sistêmica podem se cruzar em ambientes vulneráveis como a Amazônia, levantando questões profundas sobre a sustentabilidade e os valores éticos associados ao comércio de carbono. A PF prossegue com a investigação, e o desenrolar do caso poderá trazer à tona mais revelações sobre as práticas de grilagem e a cultura da corrupção em áreas críticas do Brasil. O empresário não foi localizado para comentar sobre as alegações em sua direção, mas as evidências coletadas até agora pintam um quadro preocupante.

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