Empresa de Guará do DF, denunciada por corrupção no Acre, recebe mais de R$ 2 milhões em emendas parlamentares.

Há exatamente um ano, em novembro de 2023, o Ministério Público Federal (MPF) chacoalhou as estruturas do governo do Acre ao denunciar os sócios da Murano Construções LTDA por crimes envolvendo um esquema de corrupção. Localizada no Guará, a empresa, no entanto, continuou a receber vultuosas quantias dos cofres públicos, mesmo diante das acusações que pesavam contra ela.

Nos últimos 12 meses, a Murano Construções se beneficiou com mais de R$ 2 milhões em emendas parlamentares, considerando pagamentos e empenhos. Registros do governo federal revelam que, desde o final do ano passado, a empresa recebeu cerca de R$ 1,4 milhão, com outros R$ 906 mil já empenhados para pagamento. Os valores das emendas estão relacionados à realização de obras em instituições de ensino federais e instalações das Forças Armadas, principalmente em Brasília e outros municípios goianos.

É importante ressaltar que os dados oficiais indicam as empresas que são os beneficiários finais das ordens bancárias emitidas pela União. Muitas vezes, as pessoas jurídicas não são mencionadas nos espelhos das emendas parlamentares, já que os valores são intermediados por órgãos públicos.

A denúncia do MPF contra os sócios da Murano Construções se baseia em possíveis fraudes na contratação da empresa para a realização de obras de engenharia viária e edificação. Estima-se que as práticas ilícitas tenham causado prejuízos de mais de R$ 16 milhões aos cofres públicos, com indícios de sobrepreço e superfaturamento.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu desmembrar a denúncia, mantendo apenas a acusação contra o governador do Acre, Gladson Cameli. Os sócios da construtora brasiliense tiveram suas denúncias distribuídas para os juízos criminais competentes, pois não possuem foro por prerrogativa de função.

Apesar de se tornar réu em maio, o STJ não determinou o afastamento de Gladson Cameli do cargo de governador, alegando que os fatos investigados não eram recentes o suficiente para tal medida. No entanto, a relatora do caso indicou a possibilidade de reavaliação da necessidade de afastamento em outros inquéritos contra o político. A defesa dos sócios da Murano Construções declarou confiança na justiça e prometeu apresentar elementos que refutem as acusações. Já os advogados do governador não foram contatados para comentar o caso.

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