O Futuro da Inteligência Artificial nos Emirados Árabes Unidos
Os Emirados Árabes Unidos, amplamente reconhecidos por sua audaciosa arquitetura e projetos urbanos de grande escala, estão se posicionando como vanguarda na adoção da inteligência artificial (IA). Desde 2017, o país implementou uma política nacional dedicada ao desenvolvimento dessa tecnologia, com o intuito de transformar setores críticos e modernizar a administração pública.
O xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum, primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados, descreveu este movimento como uma "mudança de paradigma". A Estratégia Nacional de Inteligência Artificial foi desenhada para acelerar a redação e revisão de leis, promovendo uma eficiência de até 70% nesse processo. Segundo Al Maktoum, o novo sistema não só agirá na criação de novas legislaturas, mas também na análise de normas já existentes, permitindo um rastreamento contínuo do impacto das leis sobre a sociedade e a economia.
Essa abordagem inovadora não se limita à legislação. O país já emprega a IA em serviços públicos, como atendimento em estações de polícia virtual, monitoramento de trânsito e até na otimização de procedimentos cirúrgicos em hospitais. Williander Salomão França, especialista na matéria, ressaltou que o investimento em tecnologia busca diminuir a dependência do petróleo, um recurso cuja exploração pode estar prestes a acabar em 2067, visto que atualmente representa apenas 20% da economia local.
A recente visita do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, também exemplifica o crescente interesse internacional por essa revolução digital. Durante sua estadia, foram anunciados investimentos bilionários com o intuito de estabelecer um hub de IA e transferir tecnologia dos Estados Unidos para os Emirados, solidificando o país como um laboratório para os impactos da IA a longo prazo.
Outra mudança significativa no cenário da pesquisa e inovação nos Emirados é a crescente atração de cientistas e especialistas globais. Juliana Zaniboni, doutoranda em estudos estratégicos pela Universidade Federal Fluminense, afirma que políticas de residência prolongada para profissionais do setor estão contribuindo para formar um ambiente de inovação robusto. Em um contexto onde os Estados Unidos enfrentam um endurecimento das políticas de imigração, os Emirados oferecem um espaço atrativo para talentos em busca de oportunidades.
Entender a IA vai além de um simples desenvolvimento técnico. Ela é vista como uma ferramenta, sujeita a diretrizes éticas que precisam ser debatidas, especialmente devido a problemas como viés em algoritmos. A soberania digital também emerge como um tema crucial, com exemplos como a ausência de soluções nacionais no Brasil para serviços como o Google Maps, revelando a importância de um investimento local em tecnologia.
Diante desse panorama, os Emirados Árabes Unidos se destacam como um modelo a ser estudado e seguido, em busca de um futuro mais moderno e eficiente, não apenas em suas fronteiras, mas como um exemplo global em desenvolvimento tecnológico.