Ainda na análise do orçamento aprovado para 2024, nota-se que foram alocados cerca de R$ 346 milhões para despesas essenciais, que incluem tanto o custeio de atividades quanto investimentos em pesquisa e inovação. Desses recursos, R$ 170 milhões destinam-se à modernização de laboratórios e à conclusão de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), enquanto outros R$ 176 milhões devem cobrir gastos operacionais e a execução de mais de mil projetos de pesquisa, que demandariam cerca de R$ 150 milhões anualmente. Contudo, a Embrapa precisa de um aporte de R$ 510 milhões do Tesouro Nacional para honrar suas obrigações.
O professor Ronaldo Seroa da Motta, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ressalta a importância da Embrapa para a inovação tecnológica no Brasil, evidenciando sua relevância em um cenário onde a pesquisa e o desenvolvimento muitas vezes enfrentam desinteresse por parte do setor privado, devido aos altos riscos e baixos retornos financeiros. Apesar das dificuldades, a Embrapa continua sendo essencial na ampliação da fronteira agrícola nacional e na adaptação das práticas agrícolas às diversas regiões do país.
A estatal está ciente da necessidade de diversificar suas fontes de financiamento. Atualmente, cerca de 73% de seus projetos dependem de captação de recursos externos. Embora a instituição busque alternativas como a oferta de cursos de capacitação e parcerias com o setor privado, ainda assim, a natureza pública de suas atividades confere à Embrapa um caráter incompleto para garantir a sustentabilidade orçamentária apenas através de investimentos privados.
Diante do cenário desafiador, a atuação da Embrapa se torna ainda mais crucial, não apenas para o avanço da pesquisa agropecuária no Brasil, mas também para o sustentação do setor que representa uma parcela significativa da economia nacional. A situação requer um olhar atento do governo e da sociedade sobre a importância de sustentar esse órgão vital para garantir a continuidade de suas inovações e contribuições ao Brasil.