Em depoimento conjunto, Bolsonaro e seu entorno divergem: de 'não pedi' a 'pode ser vendido', diferentes versões surgem sobre o caso das joias.

O ex-presidente Jair Bolsonaro recentemente se pronunciou sobre o caso das joias recebidas durante seu mandato, dando mais uma versão sobre o assunto. Em uma entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, durante uma viagem a Goiânia, Bolsonaro afirmou que seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, tinha “autonomia” para agir enquanto ele ocupou o cargo de presidente. Além disso, negou qualquer envolvimento na venda das joias.

No entanto, poucos dias depois, os advogados de Bolsonaro adotaram uma nova estratégia de defesa e solicitaram ao Tribunal de Contas da União (TCU) a devolução das joias que haviam sido entregues à Caixa Econômica Federal por ordem do tribunal. Segundo a colunista Bela Megale, essa seria a única tese viável no momento.

O caso das joias vem sendo investigado pela Polícia Federal, que apura supostas transações irregulares relacionadas aos presentes recebidos por Bolsonaro de nações estrangeiras. Inicialmente, foi divulgado que o governo passado teria tentado trazer ilegalmente para o Brasil um conjunto de joias avaliado em R$ 16,1 milhões, recebido do governo da Arábia Saudita. As joias foram retidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, ao chegarem ao país.

Desde então, Bolsonaro e seu entorno têm apresentado diferentes versões sobre o caso. Primeiro, o ex-presidente afirmou que não pediu nem recebeu os presentes. Em seguida, seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, defendeu que as joias eram de caráter “personalíssimo” e que não havia nenhuma ilegalidade. A defesa do ex-presidente também argumentou que Bolsonaro não tinha interesse em se apropriar de bens públicos.

No entanto, as investigações da PF revelaram que as joias chegaram a ser colocadas à venda em um leilão, com valor estimado entre US$ 120 mil e US$ 140 mil. Além disso, foi apontado que o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, teria recebido dinheiro da venda das joias e que parte do montante teria sido entregue a Bolsonaro ou à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Diante de todas essas provas, os advogados de Bolsonaro decidiram adotar a estratégia de pedir a devolução das joias. Alegam que os presentes são bens personalíssimos e que o ex-presidente não pretende se beneficiar de algo que possa ser considerado público.

Essa nova estratégia surge como um “cavalo de pau” na defesa de Bolsonaro, buscando derrubar as acusações de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa que podem ser imputadas a ele. Resta aguardar as próximas decisões do TCU e os desdobramentos desse caso.

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