Eleições no Uruguai e Chile revelam polarização política e desafios sociais em um cenário latino-americano em transformação; resultados impactam futura governabilidade e políticas regionais.

As eleições de 2024 trazem um panorama expressivo da política sul-americana, com o segundo turno das eleições presidenciais no Uruguai e o resultado das eleições locais no Chile chamando a atenção de analistas políticos e da população em geral. O ballot box uruguaio, agendado para o dia 24 de novembro, reunirá aproximadamente 2,7 milhões de eleitores, que escolherão entre o candidato da coalizão de esquerda Frente Amplia, Yamandú Orsi, e o atual vice-presidente, Álvaro Delgado, representando o partido Nacional, de centro-direita.

Essas eleições têm sido caracterizadas como “atípicas” e “apáticas” por muitos especialistas, refletindo uma falta de propostas provocativas ou uma dicotomia clara entre os candidatos. A atual conjuntura política é distinta da dominância passada da Frente Amplia, que ocupou a presidência por 15 anos antes da vitória de Luis Lacalle Pou, em 2019. A atual competição é marcada pela ausência de figuras carismáticas como Pepe Mujica e Tabaré Vázquez, que antes moldavam o discurso político uruguaio e mobilizavam a população. Essa nova realidade levanta preocupações sobre a despolitização entre os jovens e a crescente identificação de uma fatia do eleitorado com uma política menos partidária.

Além disso, a recente atuação do governo de Lacalle Pou durante a pandemia e grandes projetos de infraestrutura conquistaram a confiança de muitos, mas não foram suficientes para impedir escândalos de corrupção e cortes nos auxílios sociais, que se mostraram um fardo para a campanha da centro-direita. Os desafios que aguardam o próximo governo incluem o equilíbrio entre o custo de vida e a renda, em um contexto onde muitos trabalhadores enfrentam dificuldades para custear itens básicos como moradia e saúde.

No Chile, a situação política é igualmente complexa. A coalizão liderada pelo presidente Gabriel Boric enfrentou uma clara derrota nas eleições locais, perdendo 40 prefeituras, incluindo a capital, Santiago, enquanto a direita conquistou 36. A dinâmica política no Chile reflete um despertar do conservadorismo, assim como em outros países da América Latina, e é alimentada por um descontentamento contínuo em relação a questões sociais e econômicas. A longa espera por uma nova Constituição, após as promessas feitas durante períodos de intensa mobilização social, também continua a ser um tema de grande relevância, uma vez que os plebiscitos anteriores não lograram a aprovação popular.

As próximas semanas, com as eleições de segundo turno tanto no Uruguai quanto as definições no Chile, serão cruciais para moldar o futuro político da região, e observadores continuam atentos às mudanças que podem reverberar pela América do Sul.

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