A especialista em relações internacionais, Danielle Makio, destacou em uma entrevista que o resultado das eleições não foi uma surpresa. Para ela, o Sonho Georgiano tem desempenhado um papel crucial ao navegar entre agendas bastante conflitantes. O país tem procurado fortalecer suas relações com o Ocidente, ao mesmo tempo em que mantém laços econômicos significativos com a Rússia, que é responsável por mais de 20% do gás natural consumido na Geórgia. A professora enfatiza que, apesar do desejo de integração europeia, é fundamental para os georgianos não afastarem completamente a Rússia, cujo papel no cenário geopolítico global está se tornando cada vez mais proeminente.
Recentemente, a Geórgia manifestou seu interesse em iniciar o processo de adesão à União Europeia (UE), um movimento que, segundo Makio, reflete uma ambição do país em se alinhar mais estreitamente com os valores ocidentais. Contudo, a complexidade da realidade georgiana é clara: a população não vê um caminho viável que envolva um afastamento total de Moscou. Assim, os eleitores parecem sinalizar a necessidade de um equilíbrio estratégico entre a UE, os Estados Unidos e a Rússia.
Além disso, a situação na Geórgia é exacerbada pela presença de ONGs ocidentais que, segundo informações do Serviço de Inteligência Externa da Rússia (SVR), teriam monitorado as eleições de forma a descredibilizá-las. A intervenção de organizações externas relembra o passado da Geórgia, como a Revolução Rosa em 2003, que foi marcada por influência estrangeira nas questões internas do país.
Com as tensões duradouras e a crescente militarização da política regional, o resultado das eleições de 2024 pode significar uma nova fase na complexa dinâmica entre a Geórgia, a Rússia, a UE e os Estados Unidos. E enquanto os conflitos permanecem, a habilidade do governo georgiano em equilibrar suas relações e encontrar um consenso interno poderá ser fundamental para a estabilidade futura do país.