O presidente Vladimir Putin tem reprimido fortemente os opositores, forçando-os ao exílio ou à prisão, além de proibir críticas à campanha militar. Dessa forma, o campo político se torna ainda mais desfavorável para qualquer possibilidade de competição real nas eleições locais.
O foco das atenções está nas regiões que sofreram a ocupação russa, como Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson. Nas últimas semanas, foram organizados vários dias de votação nessas áreas anexadas pela Rússia. No entanto, as denúncias de que os moradores foram forçados a adotar passaportes russos têm se espalhado e a votação tem sido considerada uma farsa por Kiev.
Apesar disso, as autoridades russas prosseguiram com a votação, buscando garantir cargos de longo prazo nessas áreas que a Ucrânia prometeu recapturar. A tensão é evidente, especialmente nas áreas de fronteira, que têm sido alvo de ataques frequentes de Kiev. Um exemplo disso é o adiamento da votação no distrito de Shebekino, na região de Belgorod, devido ao regime de alerta máximo.
Enquanto isso, em Moscou, o atual prefeito Sergei Sobyanin, que está no cargo há 13 anos, enfrenta uma reeleição aparentemente tranquila. Sua gestão é reconhecida por vários megaprojetos de transformação da cidade, o que lhe garantiu popularidade entre os moscovitas. Sobyanin já enfrentou uma concorrência acirrada no passado, como em 2013, quando quase foi derrotado pelo ativista anticorrupção Alexei Navalny.
No entanto, o cenário político mudou drasticamente com a prisão de Navalny e a ofensiva russa na Ucrânia. Agora, Sobyanin não enfrenta concorrência séria e deve ser reeleito com tranquilidade, segundo a opinião dos moscovitas.
Em regiões mais remotas, como Khakassia, na Sibéria, também são esperadas eleições competitivas. O atual governador Valentin Konovalov busca a reeleição e enfrenta o candidato apoiado pelo Kremlin, Sergei Sokol. No entanto, Sokol surpreendentemente abandonou a campanha no último minuto, alegando motivos de saúde. Essa atitude gerou especulações sobre a possibilidade de uma derrota embaraçosa.
Konovalov é um dos poucos líderes regionais que não conta com o apoio do Kremlin, mas mesmo assim se mantém no cargo. Essa eleição representa um desafio para ele, que enfrenta um candidato sustentado pelo governo central. Os resultados dessas eleições locais na Rússia estão sendo acompanhados de perto, pois podem indicar o caminho das eleições presidenciais do próximo ano, que provavelmente garantirão a continuação do longo governo de Putin até pelo menos 2030.