As eleições de Alcolumbre e Motta não surpreenderam muitos, mas levantaram a questão de como esses novos líderes irão atuar nas dinâmicas de poder que marcam o Congresso Nacional. Especialistas indicam que as relações previamente estabelecidas entre o governo e as casas legislativas podem passar por uma inversão. Durante os primeiros dois anos do mandato do presidente Lula, o relacionamento foi mais favorável a Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, enquanto o diálogo com Arthur Lira, presidente da Câmara, era mais tenso. Observa-se agora uma expectativa de que a aproximação do governo com Hugo Motta, que mantém uma relação cordial com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, possa facilitar a governabilidade na Câmara.
Por outro lado, Alcolumbre, que já foi um articulador político importante, pode optar por uma postura mais independente, o que pode complicar as interações com o Palácio do Planalto. O cientista político Rodrigo Prando alerta para o poder significativo que Hugo Motta terá na Câmara, incluindo a possibilidade de avaliar e até interromper projetos do governo, o que representa um desafio considerável para qualquer presidente da República.
No entanto, é importante ressaltar que a ascensão de Motta também é vista como uma oportunidade de renovação para o PT na Câmara, especialmente em comparação à gestão de Arthur Lira, cuja proximidade política com o Centrão e o ex-presidente Bolsonaro era frequentemente criticada pelos petistas. Motta, embora também ligado ao Centrão, parece ter a capacidade de cultivar uma relação mais equilibrada com os novos alinhamentos políticos.
O futuro das relações institucionais, portanto, parece depender da habilidade do governo em promover resultados concretos. Para muitos analistas, a promoção de uma agenda legislativa eficaz e a entrega de políticas públicas consistentes podem ser fundamentais para garantir a estabilidade política e o respaldo do novo Legislativo. O que se observa é um momento de expectativa e incerteza, onde o governo terá que se mostrar proativo para não perder o apoio dado por essas novas lideranças.