André Felipe Rosa, especialista em Ciências Políticas do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), aponta que a geração Z tem desempenhado um papel crucial nessa transformação. “Essa geração demanda mudanças significativas e está profundamente engajada em questões como sustentabilidade, ética na política e meio ambiente”, detalha Rosa. Ao contrário de gerações passadas, os jovens da geração Z demonstram menor interesse por temas de macroeconomia, optando por um voto que simboliza uma busca por ruptura e renovação política.
Os números comprovam esse movimento: houve uma elevação de 78% na emissão de títulos eleitorais para jovens em comparação a 2020. Esse aumento é, em grande parte, alimentado por plataformas de redes sociais como Instagram e TikTok, que se tornaram canais centrais para a mobilização e informação política desse público. Essas redes têm desmitificado a ideia de que política é um assunto distante para os jovens, engajando-os de maneira inédita nos debates nacionais.
Com essa mudança no cenário eleitoral, candidatos se veem obrigados a repensar suas abordagens. Estrategicamente, suas comunicações passaram a adotar uma linguagem mais acessível e descontraída, utilizando memes, vídeos curtos e conteúdo humorístico para dialogar com os eleitores jovens. No entanto, essa abordagem mais leve também gerou discussões quanto aos limites éticos de campanhas que, por vezes, recorrem a ataques pessoais e informações infundadas para capturar a atenção.
Redes sociais, embora sejam uma poderosa ferramenta de engajamento, também apresentam desafios, como a formação de bolhas de opinião. Mais de 75% dos jovens do UDF utilizam essas plataformas como fonte principal de informação política, o que pode restringir o acesso a diferentes pontos de vista, reforçando apenas as crenças já existentes.
No contexto das eleições em São Paulo, a crescente diversidade de candidatos, como Guilherme Boulos e Pablo Marçal, mesmo enfrentando a forte polarização política, ilustra a resiliência e adaptabilidade de novos atores políticos. Esses candidatos, apesar de embates intensos, estão contribuindo para a redefinição do horizonte político brasileiro.
À medida que o segundo turno se aproxima, é fundamental que as campanhas identifiquem e alinhem-se aos valores do novo eleitorado. A eficácia nas urnas dependerá da autenticidade e da capacidade de conectar-se com esses eleitores, moldando assim o futuro político do país. Segundo Rosa, as campanhas que buscarem essa conexão não apenas influenciarão os resultados imediatos, mas também estarão pavimentando os rumos da política no Brasil por anos vindouros.