As articulações para as eleições de 2026 já tomam corpo nos bastidores do poder em Alagoas. No centro das discussões, ganha força a possibilidade de o governador Paulo Dantas (MDB) tentar a reeleição, mesmo tendo sido eleito em um pleito suplementar. A tese que circula entre aliados é de que esse primeiro mandato não contaria para fins de inelegibilidade, o que abriria caminho para uma nova disputa.
A eventual candidatura de Dantas tem provocado inquietação dentro do MDB e estimulado um realinhamento político que pode redesenhar o mapa das forças no estado. Parlamentares ouvidos reservadamente avaliam que o PSD, partido que pode passar a ser comandado por Dantas, surge como uma alternativa viável para liderar o bloco governista, em substituição ao MDB, cuja imagem estaria desgastada.
Lideranças da Assembleia Legislativa de Alagoas têm acompanhado de perto o cenário. O presidente da Casa, deputado Marcelo Victor (MDB), aparece como peça-chave nas negociações. Considerado um articulador experiente, Victor estaria insatisfeito com os recentes movimentos do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), em Brasília, e tem intensificado conversas com deputados estaduais com o objetivo de consolidar um novo projeto político em torno do PSD.
A movimentação já causa impacto em outras esferas. A possível entrada de Dantas na disputa pode levar a uma reconfiguração nas candidaturas majoritárias, incluindo o recuo do senador Renan Filho (MDB) de uma eventual tentativa de retorno ao governo estadual e até a reavaliação do projeto de reeleição de Renan Calheiros ao Senado. Ambos são nomes centrais no MDB alagoano e têm seus projetos diretamente afetados pelas mudanças em curso.
Também está em análise uma possível aliança entre o PSD e o Solidariedade, partido comandado por Adeilson Bezerra, que mantém relações históricas com o grupo de Renan Calheiros. Como destacam analistas políticos, em Alagoas, alianças costumam ser moldadas pelo cenário do momento.
A composição em construção, que incluiria ainda o apoio do deputado federal Arthur Lira (PP), preocupa adversários e pode desestabilizar acordos firmados em Brasília. Deputados estaduais próximos a Marcelo Victor indicam disposição para aderir ao novo projeto, desde que garantida a manutenção de seus espaços políticos. A confiança no presidente da Assembleia, que tem histórico de cumprimento de acordos, tem sido um fator decisivo para o fortalecimento desse novo bloco em gestação.
