Devido a essa suspensão, não houve lista de estrangeiros autorizados a sair da Faixa de Gaza e o Brasil ainda aguarda a repatriação de 34 pessoas presas no local, sendo 24 brasileiros, 7 palestinos em processo de imigração e 3 parentes. Desde que o Egito reabriu a fronteira no dia 1º de outubro, 599 estrangeiros foram autorizados a deixar o local, sendo a maioria deles americanos e nenhum brasileiro. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, espera que o grupo brasileiro possa sair a partir de quarta-feira, mas já admite atraso no cronograma.
No domingo, aviões israelenses bombardearam o campo de refugiados de Maghazi, localizado no centro da Faixa de Gaza. Autoridades locais relataram que 47 pessoas morreram nesse ataque. Esse novo bombardeio ocorreu apesar do apelo de vários países, incluindo os Estados Unidos, por uma pausa humanitária no território.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou novamente qualquer cessar-fogo sem que o Hamas liberte os aproximadamente 240 reféns que estão em cativeiro em Gaza. O Ministério da Saúde do território palestino informou que o número de mortos nos ataques israelenses já ultrapassou 9,7 mil, sendo 4 mil deles crianças.
Além da pressão externa, Netanyahu também enfrenta a insatisfação de parte da sociedade israelense. Nos últimos dias, manifestantes têm se reunido em protestos em frente à casa do primeiro-ministro, em Jerusalém, pedindo a sua renúncia. Sob pressão, Netanyahu pediu uma investigação para determinar se os protestos pró-democracia influenciaram os ataques do Hamas em 7 de outubro. Durante as manifestações contra a reforma judicial proposta pelo premiê, muitos reservistas e pilotos anunciaram que não serviriam mais o Exército.
As declarações de Netanyahu irritaram o general reformado Benny Gantz, seu rival que aceitou integrar um governo de união após os ataques. Gantz afirmou que a mobilização da sociedade israelense foi total e criticou o primeiro-ministro por tentar fugir da responsabilidade e caluniar em tempos de guerra.
O jornal New York Times informou que Israel vem tentando discretamente obter apoio internacional para a transferência de centenas de milhares de civis de Gaza para o Egito. O governo israelense defende que essa seria uma ação humanitária para poupar os palestinos da guerra. No entanto, essa ideia tem sido rejeitada pela maioria dos governos, incluindo os Estados Unidos, devido ao risco de esse deslocamento em massa se tornar permanente. Diplomatas temem que o fluxo de refugiados possa desestabilizar o Egito.
Além disso, líderes palestinos acusam Israel de utilizar a guerra contra o Hamas como forma de expulsar definitivamente 2 milhões de civis de Gaza, assim como fizeram com 700 mil palestinos durante a criação de Israel em 1948.