Campos enfatiza que a Lei de Cotas não deve ser vista como fim em si mesma, mas sim como um meio para promover a equidade no mercado de trabalho. Ele argumenta que, se as cotas não gerarem impactos positivos fora do ambiente universitário, a política se torna um fracasso. Para ele, a análise do sucesso dessa política se torna viável a partir das experiências dos egressos, sendo, portanto, essencial a criação de tais grupos na Uerj.
Após duas décadas da implementação das cotas na instituição, que foi pioneira no Brasil em 2003, Campos defende uma atualização da legislação estadual que regula o ingresso em programas de pós-graduação. A Uerj combina critérios raciais e socioeconômicos, limitando a renda bruta per capita dos candidatos a R$ 2.277, o que é considerado inadequado, especialmente para o acesso de minorias raciais ao nível mais avançado de ensino.
O sociólogo observa que muitos estudantes considerados carentes não conseguem atingir a pós-graduação, ressaltando que, ao serem contemplados com bolsas, deixam de ser classificados como tal. Durante um encontro no final de novembro, estudantes cotistas discutiram suas trajetórias e pleitearam uma revisão dos critérios socioeconômicos, com o objetivo de ampliar o acesso de indivíduos negros e pardos.
Estatísticas recentes apontam que a presença de negros e pardos em níveis de mestrado e doutorado ainda é extremamente baixa no Brasil. Dados revelam que, entre 1996 e 2021, cerca de 49,5% dos títulos de mestrado e 57,8% dos doutorados foram obtidos por pessoas brancas. Apesar de a Lei 8.121, de 2018, estipular ações afirmativas na Uerj, a revisão das condições socioeconômicas só está prevista para 2028.
Diante deste cenário, Campos sugere uma reflexão sobre a autonomia das universidades para revisar os critérios em seus editais de ingresso, a fim de garantir um ambiente acadêmico mais inclusivo e diverso sem se sujeitar a riscos judiciários.









